Planejamento de carreira: algo factível ou discurso da moda?

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De tempos em tempos, novas buzzwords surgem no mercado, atingindo de forma implacável empresas, executivos e profissionais de todos os níveis. Nos anos 80, as palavras de ordem no meio empresarial eram os programas de qualidade total e a certificação ISO 9000, enquanto dos profissionais exigia-se diploma de curso superior.
Na década seguinte, o apelo voltou-se aos cursos de MBA (Master Business Administration), que passaram a ser fatores de diferenciação na contratação de profissionais no mercado, ao passo que as empresas se preocuparam em realizar reengenharias e downsizings.
Hoje, ao mesmo tempo em que as organizações lutam por mais espaço no mercado virtual e globalizado, com investimentos para obtenção de aumento de produtividade, certificações e responsabilidade social, fala-se em planejamento de carreira como algo imprescindível ao sucesso de qualquer profissional.
Desnecessário debater a importância dos programas de qualidade, das certificações empresariais, da busca constante pela melhoria da produtividade, das ações na área de responsabilidade social, contemplando as dimensões econômica, legal, ética, filantrópica e cultural. O que se pretende aqui é analisar o “planejamento de carreira” – seu real alcance e possibilidades. Em geral, se escolhe a profissão, mas não se faz o planejamento e a gestão da carreira.
Em primeiro lugar, importa discutir o que é um planejamento de carreira, pois muita gente considera tratar-se de algo burocrático e engessado, que exige metodologia específica e consultoria externa para sua elaboração.
Não é necessário nada disso. Há alguns bons livros que podem orientar o profissional na hora de contemplar aspectos de auto-avaliação, como: o que gosto de fazer, quais são meus pontos fortes e os que ainda devo desenvolver. Em paralelo, é fundamental pesquisar sobre especificidades do mercado em que pretende atuar e o que nele é valorizado. Por exemplo: idiomas, cursos, especializações, títulos, certificações etc.
Também vale a pena criar um plano de ações para potencializar seus pontos fortes e destacar seus pontos a desenvolver (não use o termo “pontos fracos”, que pode se internalizar e se estabelecer de forma negativa em seu inconsciente). A execução desse plano requer organização, determinação, paciência e persistência, uma vez que há ações de curto, médio e longo prazos.
Há empresas que têm ferramentas que possibilitam aos seus profissionais desenvolver seus planos de carreira. As políticas e procedimentos existentes fazem com que estes planos sejam materializados, e o suporte gerencial facilita que se tornem realidade, por meio de atividades de mentoring e coaching.
O profissional deve estar atento para o fato de que o plano de carreira nem sempre é totalmente aderente às suas expectativas, já que a empresa tende a direcionar o desenvolvimento de seus profissionais para suas necessidades e estratégias. O nível de “aderência” ou “descolamento” pode ser fator determinante para que o profissional reflita sobre seu futuro na organização.
Alguns profissionais perguntam qual o tempo ideal para se permanecer em uma empresa. Dois, quatro, sete anos? Não há uma verdade nesses números, embora, após cinco anos de trabalho em uma mesma organização, o profissional já teve um desempenho comprovado e obteve realizações, criou amizades, aprendeu e ensinou: está pronto para novos desafios!
Se optar por permanecer na empresa, ele deve ter certeza de que ainda tem a contribuir, a se desenvolver e que novos projetos trarão motivação e realização profissional; caso contrário, é hora de buscar outros horizontes.
O planejamento de carreira é algo dinâmico que pode ser revisado periodicamente, permitindo mudanças e reformulações. O desenvolvimento de certas habilidades pode ser o diferencial de competitividade para a obtenção de posições gerenciais e executivas, seja na própria empresa ou no mercado.
Faça uma analogia com um vôo. O seu vôo deve ser do tamanho dos seus sonhos, dos seus conhecimentos e da sua determinação; mas sempre é bom ter em mãos um “plano de vôo”, porque é importante saber o destino desejado, as condições de tráfego aéreo e a quantidade de combustível disponível.

Armando Terribili Filho
Diretor de Projetos da Unisys Brasil, é mestre em Administração de Empresas e doutorando em Educação pela Unesp em Marília.

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