A SouthRock, operadora da rede de cafeterias Starbucks, do Eataly e do Subway no Brasil, apresentou à Justiça o seu plano de recuperação judicial. A companhia havia protocolado o pedido em 31 de outubro, reportando dívidas de R$ 1,8 bilhão. Na ocasião, a empresa afirmou que suas operações foram prejudicadas por questões como, a alta instabilidade no país, a volatilidade da taxa de juros e as constantes variações cambiais.
O documento mostra como a companhia pretende reestruturar suas obrigações financeiras e revela uma estratégia que busca assegurar a continuidade das operações.
“A estrutura do plano de recuperação da SouthRock assemelha-se à de outras empresas varejistas que passaram por processos semelhantes, como a Livraria Cultura e a Saraiva. Nesses casos, também se observou a concessão de prazos estendidos para pagamento de dívidas e a negociação de condições especiais com credores estratégicos”, avalia o advogado tributarista e empresarial, sócio da RMS Advogados, Leonardo Roesler.
Segundo ele, o plano aborda vários aspectos cruciais, começando pelo pagamento de débitos trabalhistas, que propõe a quitação de dívidas até o limite de 150 salários mínimos, sem juros ou correção monetária, dentro de 12 meses da homologação. Além do pagamento de débitos trabalhistas, o plano tem a estratégia de oferecer um período de carência de cinco anos, seguido de um plano de pagamento estendido de 16 anos com uma escala crescente de amortização.
“Esse modelo permite que a empresa reestruture suas finanças gradualmente, sem comprometer sua liquidez. A isenção do pagamento da 16ª parcela, caso os pagamentos anteriores sejam pontuais, é um incentivo para a adimplência e pode ser vista como uma medida de boa-fé para com os credores”, explica o advogado.
Outro ponto abordado é a oferta de condições para microempresas e empresas de pequeno porte com o pagamento de até R$ 50 mil em um ano para esses credores, o que, nas palavras de Leonardo, “reflete uma consideração especial para pequenos fornecedores, que são frequentemente mais vulneráveis em situações de recuperação judicial”.
Por fim, a SouthRock desenvolveu uma estratégia para evitar ações de despejo: a criação de uma categoria especial para “credores estratégicos locadores”.
“É uma medida inovadora que visa a garantir a estabilidade dos pontos comerciais da empresa. Ao negociar condições mais favoráveis em troca da desistência de ações de despejo, a SouthRock busca preservar sua presença no mercado e manter as operações da Starbucks ininterruptas”, analisa.
No entanto, ele aponta que a viabilidade do plano depende não apenas da reestruturação das dívidas, mas também da implementação de estratégias operacionais eficazes para o aumento da rentabilidade das lojas da Starbucks.
“A análise técnica do plano sugere que, embora desafiador, ele possui elementos que podem viabilizar a recuperação da empresa, desde que executado com eficiência e suportado por uma gestão operacional robusta. A comparação com casos semelhantes indica que a flexibilidade e a cooperação entre empresa e credores são fundamentais para o êxito do processo”, conclui.
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