A se crer nas contas do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, de que o governo Lula terá criado 3,5 milhões de empregos ao final de dois anos, o brasileiro pode se preparar para longo tempo de taxas de desemprego elevadas. Como entram – ou tentam – no mercado de trabalho cerca de 1,5 milhão de pessoas por ano, significa que o saldo líquido da primeira metade do mandato de Lula teria sido de 500 mil empregos. Ou seja, nesse ritmo, seriam necessários 32 anos (ou sete reeleições) para que todo brasileiro encontrasse emprego – uma utopia em qualquer país do mundo; mas não era com bem-vindas utopias que o PT alimentava seu eleitorado?
Déficit
É bom alertar que nem Berzoini sabe de onde tirou o número de 3,5 milhões de empregos. Diz o ministro ter incluído empregos domésticos, informais e na agricultura familiar; tirando essa conta virtual, sobram 2,5 milhões de postos de trabalho – ou seja, 500 mil a menos do que o necessário para impedir que o desemprego continue crescendo. E nem se discute aqui a qualidade dos empregos criados.
Tudo rosa
Nem deu tempo de o ano chegar ao fim para a mídia chapa branca esconder as más notícias na economia em notas pequenas nas páginas internas, contando com a colaboração das férias de janeiro. A alta do desemprego, o crescimento do PIB em ritmo de tartaruga cansada, o recorde de cheques sem fundos, o aumento da inadimplência, as vendas inferiores às previsões – todos os fatos que comprovam que o crescimento sustentável (que já era tímido) foi enterrado pela nova fúria dos neoliberais da equipe econômica de Lula, especialmente os incrustados no Copom.
Tsunami brasileira
Um conhecido desta coluna recebeu, ontem, no Rio um telefonema para seu celular com uma gravação cuja voz se limitava a repetir “Alerta geral!”; “Alerta geral!”. Intrigado porque a mensagem era a mesma do sistema GPS do seu carro, que acabara de deixar na garagem, retornou a ligação várias vezes, esbarrando num interminável sinal de ocupado. Somente horas depois, já em casa, descobriu que o número que o chamara – (21) 2104-6161 – era do I Distrito Naval. Ficou com sensação de que fora cobaia de um teste para uma eventual tsunami brasileira.
Fora do alcance
O hereterodoxo telefonema também serviu para nossa fonte testar a eficácia do Star One, responsável pelo sistema GPS do seu carro. Antes de descobrir a origem da ligação, discou para a central de atendimento da empresa – 0800122424 – na tentava, vã, de obter uma explicação. Com o telefone ocupado por um tempo interminável, desistiu, não sem antes pensar quanto tempo levaria para falar com a empresa se seu carro sofresse um ataque não-virtual.
Papai Noel existe
Esta coluna dá uma dica aos que, embalados pelo noticiário panglossiano da mídia sobre as festas de fim de ano, foram às compras, ainda que à carência de renda: quando fevereiro chegar e trouxer as contas a serem pagas, dirija-se ao jornal ou à TV mais perto e requisite um milagre …do crescimento.
Às cegas
Não se sabe se por orientação do Ministério dos Transportes ou por economia de tinta, a concessionária que administra a Via Dutra está pintando as faixas mais estreitas que o usual para separar as pistas. À noite, aumenta a dificuldade dos motoristas em ver a divisão e as laterais da estrada. Aliás, as condições gerais da rodovia – buracos e má sinalização – não combinam com um pedágio de R$ 6,40 por automóvel (ou eixo de caminhão).
Quente
A Kibon lança uma edição limitada do sorvete Cornetto, a Aphrodiziac. A empresa afirma deter 70% de participação no mercado de cone (ou casquinha, para simplificar) e que, em 2004, movimentou R$ 75 milhões. A nota de divulgação não esclarece se o novo sorvete terá em sua composição catuaba ou pasta de amendoim.