PMEs avançaram 5,2% no faturamento do segundo trimestre

Indústria e retomada do comércio puxou indicador; projeções mostram que o mercado deve continuar crescendo em 2025

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Trabalhadoras em indústrias (Foto: ABr/arquivo)
Trabalhadoras em indústrias (Foto: ABr/arquivo)

O faturamento das pequenas e médias empresas registrou aumento de 5,2% no segundo trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (Iode-PMEs). O resultado positivo fecha o semestre com crescimento acumulado de 4,3% frente ao mesmo período do ano anterior.

O Iode-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 701 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

De acordo com o economista Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, as PMEs beneficiaram-se da evolução da renda das famílias – com o desempenho do mercado de trabalho e das políticas governamentais de expansão de renda -, e dos impactos do ciclo de queda das taxas de juros promovido pelo Banco Central, entre agosto do ano anterior e maio de 2024.

A análise setorial mostra que as PMEs da Indústria continuam como o principal contribuinte da melhora do mercado, com avanço de 11,9% (YoY) no período. Esse progresso segue disseminado entre 18 de 22 atividades do setor, entre eles, óleos lubrificantes, metalurgia, impressão e reprodução de gravações e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos registraram alta.

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“O aumento da demanda doméstica e redução das pressões de custos impactam positivamente a pequena indústria. Assim, parte da recuperação do faturamento real do segmento reflete o alívio da inflação ao produtor (IPA-FGV), que registrava deflação até maio (-1,7% no acumulado em 12 meses)”, explica Beraldi

O economista aponta que outro destaque no último trimestre foi a recuperação das PMEs do comércio, que registraram expansão de 4,6% na comparação com o segundo trimestre de 2023. Os resultados são positivos tanto no atacado (7,5% YoY) – com destaque para livros, jornais e outras publicações, cimento e produtos de higiene, limpeza e conservação domiciliar -, quanto no varejo (3,0% YoY), sendo produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas, vidros, e artigos de armarinho as atividades de melhor atuação.

Em serviços, apesar do resultado ainda positivo no segundo trimestre (0,6% YoY), começam a aparecer sinais de desaceleração. “Ainda que o avanço da renda sustente o setor, a perda de confiança recente dos agentes econômicos pode ter prejudicado o faturamento de algumas áreas”, comenta Beraldi.

Entre as atividades de maior destaque, estão atividades financeiras e de seguros, alojamento e alimentação e educação. Por outro lado, atividades administrativas e serviços complementares, que apresentava boa atuação no início do ano, encerrou o segundo trimestre em queda.

No segmento de infraestrutura, por sua vez, as PMEs destoam do comportamento do restante do mercado e marcam retração de 4,6% (YoY) no segundo trimestre de 2024. O resultado negativo reflete a fraca performance em alguns segmentos da construção civil, como obras de infraestrutura e construção de edifícios. O avanço das atividades de serviços especializados para a construção, captação, tratamento e distribuição de água e coleta, tratamento e disposição de resíduos, no entanto, impediram quedas mais abruptas.

Na divisão por regiões, o Iode-PMEs mostra também que o avanço no último trimestre foi puxado pela performance das PMEs das regiões Sudeste (alta de 2,2% ante o 2T2023), Nordeste (9,5%) e Sul (5,6%). Nas regiões Centro-Oeste e Norte, o Iode-PMEs apontou retração das PMEs no período (-2,2% e -9,5%, respectivamente).

Em virtude da resiliência do mercado de trabalho (com o desemprego se aproximando do reduzido patamar histórico de 7% nos últimos meses) e dos efeitos do afrouxamento contido da política monetária (com a Selic em queda desde agosto do último ano), é esperado que as PMEs mantenham a tendência recente de crescimento no segundo semestre e encerrem 2024 com faturamento 4,3% maior ante 2023. Para 2025, a expectativa é alta de 2%, aposta mais contida e alinhada com as previsões para o PIB brasileiro.

Segundo Beraldi, uma taxa de juros mais alta frente ao esperado anteriormente – perspectivas estão entre 9,5% a 10% a.a. – significa menos estímulos ao crescimento vindo do crédito. Isso resulta em menor tração sobre o consumo e os investimentos. Há pouco espaço também para novos impulsos do mercado de trabalho e menos intensidade de estímulos fiscais no próximo ano diante da grande necessidade de ajuste nos gastos públicos.

“Com isso, presumimos que a evolução do mercado de PMEs ocorra concentrada nos setores de serviços e comércio – refletindo a perspectiva de sustentação do consumo das famílias”, completa Beraldi. A expectativa, ainda de acordo com o economista, de que os juros voltem a cair em 2025 também deve produzir impactos positivos sobre o setor de Infraestrutura, principalmente para construção civil.

O Índice de Situação Financeira das Pequenas Indústrias do Brasil, calculado com base na margem de lucro operacional, na situação financeira e no acesso ao crédito, apresentou recuo no primeiro trimestre de 2024. Na passagem do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024, houve um recuo de 1,7 ponto, passando para 40,5 pontos, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A antecipação de recebíveis é um mercado em plena expansão, que ficou ainda mais seguro com a chegada da Resolução 4.734 do Banco Central, que exige o registro dos valores transacionados em câmaras registradoras, atestando a autenticidade e a unicidade do recebível. Outro diferencial importante da antecipação de recebíveis é limitar a trava bancária.

A modalidade de acesso ao crédito é utilizada por empresas de diversos segmentos e portes para impulsionar o fluxo de caixa, antecipando os recursos de vendas realizadas a prazo para o consumidor final. Diferente de um empréstimo bancário, a antecipação de recebíveis possui taxas de juros reduzidas.

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