Os consumidores reclamam cada vez mais que os tamanhos e quantidades de pacotes de biscoitos, caixas de cereal matinal, iogurtes, requeijão, geleia de mocotó, caixas de bombom, papel higiênico, sabão em pedra, entre outros, estão menores e os preços continuam os mesmos. Esse fenômeno, que se chama reduflação, está complicando o poder de compra do brasileiro.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) sobre os efeitos da reduflação no Brasil, esse poder de compra do brasileiro médio diminuiu 3,78% em 2023.
“O impacto da reduflação é sentido diretamente no bolso do consumidor, que paga o mesmo valor por menos produto. Essa prática tem sido cada vez mais comum e prejudica o poder de compra da população”, afirma Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.
A reduflação se tornou uma estratégia de mercado onde as empresas reduzem a quantidade de produto nas embalagens sem alterar o preço, resultando em uma percepção enganosa de estabilidade de preços. Esta prática tem sido amplamente adotada em diversas indústrias, sobretudo na alimentícia e de produtos de higiene, onde a diversidade de embalagens facilita a implementação desta estratégia.
Como metodologia, o estudo do IBPT utilizou dados coletados pelo aplicativo Citizen IBPT, ferramenta gratuita para controle financeiro pessoal. O aplicativo, utilizado por milhares de brasileiros, permite o registro e análise de notas fiscais, proporcionando uma base de dados rica para estudos econômicos. A análise das notas fiscais permitiu identificar padrões de reduflação em diversos produtos.
“Com o Citizen IBPT, conseguimos realizar estudos detalhados e precisos sobre o impacto da inflação e da reduflação no dia a dia dos consumidores. Essa ferramenta nos permite ver de forma clara como os fabricantes têm ajustado as quantidades dos produtos para manter suas margens de lucro”, explicou Amaral.
Pipoca e papel higiênico
O estudo destacou que um dos exemplos mais relevantes foi observado no mercado de milho para pipoca, onde a quantidade padrão de 500g foi reduzida para 400g em muitas marcas, sem alteração proporcional no preço. Esta mudança representa reduflação de 20%, resultando em um impacto direto no poder de compra dos consumidores.
Outro exemplo que pode ser destacado é o do papel higiênico. Nas prateleiras de supermercados, o rolo de 20 metros passou a custar o preço que era cobrado pelo rolo de 30 metros há alguns meses. E o pior para o consumidor é que o rolo de papel higiênico de 30 metros ficou mais caro. Ou seja, o consumidor acabou sendo pego de ‘calça arriada’ por causa de 10 metros.
Pode-se citar também os copinhos de requeijão, que são minúsculos, e os iogurtes que estão do tamanho dos ‘danoninhos’. Porém, os preços não diminuem como a quantidade dos produtos.
A apuração também abordou os efeitos psicológicos e comportamentais da reduflação, destacando como essa prática pode iludir o consumidor, que muitas vezes não percebe imediatamente a redução na quantidade de produto. “A reduflação não apenas afeta o bolso, mas, também, a confiança do cliente nas marcas e no mercado”, observou Amaral.
O IBPT oferece algumas dicas aos consumidores sobre como se proteger da reduflação, recomendando aos consumidores que fiquem atentos às informações sobre quantidade e preço por unidade de medida nas embalagens. Verificar se o estabelecimento segue a Lei Nº 14.181 de julho de 2021, que obriga a informação clara sobre os preços por unidade de medida, é fundamental.
“O consumidor deve estar vigilante e informado para não ser enganado. Comparar preços e quantidades, e exigir transparência dos fabricantes e varejistas, são medidas essenciais para minimizar os impactos da reduflação. O estudo do IBPT evidencia a necessidade de maior fiscalização e transparência no mercado, além de uma maior conscientização por parte dos consumidores”, explicou Amaral.
Segundo ele, o estudo do IBPT evidencia a necessidade de maior fiscalização e transparência no mercado, além de uma maior conscientização por parte dos consumidores. O Citizen IBPT continua a ser uma ferramenta crucial para o monitoramento e análise do consumo, proporcionando dados valiosos para combater a reduflação e proteger os direitos dos consumidores.
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