Polêmica internacional sobre os transgênicos

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Os progressos da biotecnologia, modificando as sementes produtoras de alimentos, antes recebidas como um benefício para a humanidade, estão hoje submetidas a veementes contestações.
Os produtos agrícolas modificados pela biotecnologia, os chamados transgênicos, lançados em 1991, foram então acolhidos com entusiasmo por suas apregoadas virtudes: adequação das sementes à natureza do solo e do clima e enriquecimento do seu valor nutritivo.
Com o tempo, estas virtudes começaram a ser contestadas científica e economicamente. Os protestos contra os produtos alimentares transgênicos crescem dia a dia. Na última reunião da Organização Mundial de Comércio, realizada em Seattle, em novembro passado, os debates revelaram a profunda divergência entre os principais países europeus contrários à comercialização dos transgênicos e os Estados Unidos, favoráveis à mesma. Recentemente, na reunião dos “oito grandes” realizada no Japão, os europeus novamente voltaram a pressionar o Presidente Clinton, para que reveja a política de seu país favorável à produção de produtos alimentares transgênicos.
Os produtos transgênicos estão submetidos a dois tipos de contestação – cientifica e econômica. Do ponto de vista de alguns cientistas, a modificação dos valores nutritivos dos produtos naturais representa um perigo para os consumidores, homens e animais, cujo efeito não pode ser avaliado senão a longo prazo, admitindo mesmo que o excesso de nutrientes biogenéticos introduzidos possa representar um dano para a saúde. Ao lado da contestação cientifica figura a reprovação econômica. Esta, alega que a ampla produção dos transgênicos virá alterar profundamente a estrutura da agricultura e do comércio internacional. As razões apresentadas são de duas ordens: prejuízos ou até mesmo ameaça de desaparecimento da agricultura tradicional: controle da produção agrícola e de sua comercialização pelos países e organizações mais ricos e dotados de tecnologia genética.
Afirma o cientista Ingo Potrykus, Professor do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Suíça, que o arroz dourado produzido pela formula biogenética de sua autoria, poderá representar um enorme benefício para a humanidade, pelo alto valor nutritivo da substância “beta-carotene” que contem. Diz, esperançoso o cientista, que o arroz dourado salvará milhões de seres humanos nas regiões mais pobres da África  e da Ásia. Mas, a sua produção está contida pela resistência polêmica dos governos europeus.
Segundo tudo indica, os transgênicos, livre de qualquer outra consideração, são mais um instrumento de agravamento da perversa divisão de poder no mundo, entre povos ricos e povos pobres.

Carlos de Meira Mattos
General Reformado do Exercito e Conselheiro da ESG.

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