A pandemia reduziu a renda per capita das economias avançadas em 2,8% ao ano relativamente às tendências anteriores à pandemia para 2020-2022. Porém, nas economias de mercados emergentes e em desenvolvimento (excluindo a China) a perda é mais de duas vezes pior: 6,3%. A estimativa foi feita pela economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath.
Em artigo publicado no blog do FMI, a economista indo-americana mostra que as diferenças na evolução da economia mundial refletem o combate à pandemia à medida que a variante delta vai se alastrando. Cerca de 40% da população das economias avançadas já foi totalmente imunizada, contra 11% nas economias de mercados emergentes e uma fração ínfima nos países em desenvolvimento de baixa renda.
“Taxas de vacinação elevadas e uma volta à normalidade mais rápida do que o previsto levaram à revisão em alta, enquanto a falta de acesso a vacinas e novas ondas de casos de Covid-19 em alguns países, particularmente na Índia, resultaram na revisão em baixa”, afirma Gopinath, comentando as estimativas divulgadas pelo FMI nesta terça-feira.
“A nossa projeção mais recente para o crescimento global de 6% em 2021 permanece inalterada em relação a nossa previsão anterior, mas a composição mudou. As perspectivas de crescimento das economias avançadas para este ano melhoraram 0,5 ponto percentual, mas isso é compensado por uma redução idêntica nas economias de mercados emergentes e em desenvolvimento.”
Gopinath cita que alguns mercados emergentes, como Brasil, Hungria, México, Rússia e Turquia, também começaram a aumentar as taxas básicas de juros para fazer frente às pressões de alta dos preços. “Não obstante, espera-se que, na maioria dos países avançados, a inflação recue em 2022 para os níveis pré-pandemia.”
Além de equilibrar o alcance da vacinação, a economista-chefe do Fundo faz algumas recomendações para políticas de enfrentamento no plano nacional: priorizar os gastos com saúde e o apoio direcionado às famílias e empresas afetadas; assegurar a recuperação com mais ênfase em um apoio fiscal e monetário mais amplo; e promover metas de longo prazo de aumento da capacidade produtiva.
“As medidas fiscais devem ser inseridas em um quadro de médio prazo credível para garantir a sustentabilidade da dívida. Em muitos países isso envolverá o reforço da capacidade de tributação, o aumento da progressividade fiscal e a eliminação de gastos desnecessários. Os países em desenvolvimento de baixa renda também necessitarão de forte apoio internacional”, assinala.
“Os bancos centrais devem evitar o aperto prematuro de suas políticas monetárias ao enfrentar pressões inflacionárias transitórias, mas devem também estar preparados para atuar rapidamente se houver sinais de desancoragem das expectativas de inflação. Os mercados emergentes devem também se preparar para condições financeiras externas possivelmente mais restritivas, alongando o perfil de suas dívidas quando possível e limitando a acumulação de dívidas em moeda estrangeira sem proteção cambial”, finaliza Gita Gopinath.
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