‘Populistas’ de esquerda são campeões na redução da desigualdade

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Uma pesquisa sobre líderes populistas conduzido pelo Team Populist, rede de acadêmicos que trabalhou em conjunto com o jornal britânico The Guardian, encontrou um, digamos, efeito colateral: países liderados por esses presidentes e primeiros-ministros obtiveram significativa redução na desigualdade.

E, apesar de os cientistas sustentarem que esse efeito ocorreu com populistas de direita e de esquerda, os dados da pesquisa mostram que a diminuição da desigualdade se deu entre governos mais progressistas – mesmo aqueles que não são incluídos entre os populistas, como o de Lula (2003–2010) e Cristina Kirchner (2008–2015), que obtiveram resultados inferiores apenas aos do “centrista” peruano Alan Garcia (2006–2011), classificado como “um pouco populista”.

Isso era contrário do que eu esperava”, disse David Doyle, professor-associado da Universidade de Oxford, que liderou a análise. “Talvez eu tenha sido influenciado por anos de pesquisa que nos diz que o populismo é ruim.”

A chave pode estar em entender o que os acadêmicos classificam como populismo. Os pesquisadores examinaram 720 discursos proferidos por 140 líderes de governo em 40 países (entre eles, os oito mais populosos das Américas e os sete maiores europeus), nos últimos 20 anos, e “pontuaram” cada um deles com base na medida em que usaram a retórica populista – basicamente, o uso de uma retórica que enquadra a política como uma luta entre a vontade virtuosa do povo comum e uma má e conspiradora elite.

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A coluna arriscaria uma definição menos rebuscada: são taxados como populistas aqueles líderes que não seguem integralmente o figurino neoliberal, desde aqueles com discurso anti-imperialista até os que se apegam à retórica xenófoba.

O certo é que os líderes que obtiveram melhores resultados na redução da desigualdade foram aqueles com maior preocupação social, identificados pelos pesquisadores como “de esquerda” (os acadêmicos incluíram Barack Obama entre entes, mas sem resquícios de populismo). Os “populistas” com melhor desempenho foram o boliviano Evo Morales (2006–2009), o equatoriano Rafael Correa (2009–2013) e… sim, Hugo Chávez (1999–2012).

Entre os “populistas de direita”, apenas Antonio Saca, de El Salvador, conseguiu reduzir a desigualdade. Erdogan (Turquia) e Silvio Berlusconi (Itália), que mereceram igual classificação, obtiveram resultados modestos na luta contra a desigualdade. Na Hungria de Viktor Orbán, houve piora nos indicadores.

Mesmo em momentos históricos semelhantes, os governos progressistas conseguiram reduzir mais a desigualdade. No mesmo período em que Hugo Chávez obteve bons resultados, no início do século XXI, Atal Bihari Vajpayee levou a Índia a patamares piores.

Ah, no Governo Obama, a desigualdade nos EUA aumentou um pouco. E, nos 20 anos englobados pela pesquisa, o número de “populistas” dobrou. Mais detalhes em theguardian.com/world/2019/mar/07/revealed-populist-leaders-linked-to-reduced-inequality

 

Viés de baixa

O Federal Reserve (Fed) vai reduzir as taxas de juros se o rendimento dos bônus de dez anos ficar abaixo de 2,4%, preveem os analistas da Moody’s.

 

Movido pela ideologia

Para entender melhor o que significa abrir mão de prerrogativas de país em desenvolvimento para poder ingressar na OCDE: o Brasil passará a ter acesso a excelentes estatísticas sobre o quanto perdeu no comércio internacional.

 

Rápidas

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