Final de ano é sempre importante lembrar dos benefícios tributários dos fundos de previdência privada aberta, afinal ninguém gosta de pagar mais Imposto de Renda do que precisa. Uma dica para quem quer conseguir um abatimento na cobrança do tributo referente a 2024 é alocar parte do capital em fundos de previdência na modalidade PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre.
O valor aplicado no PGBL pode ser declarado como despesa dedutível de tributação de IR em até 12% do total de renda bruta declarada no Imposto de Renda. Neste caso, além do imposto que seria pago não ir para a Receita Federal, os recursos do contribuinte ficam rendendo.
Outro fator que atrai os investidores a olharem para os fundos de previdência é a ausência do come-cotas. “Este imposto reduz a sua capacidade de ganhos com juros compostos no tempo. Que, no caso da previdência, pode ser uma montanha de dinheiro”, explica o gestor da Trópico Investimentos, Fernando Camargo Luiz. Além disso, se o poupador optar pela tabela regressiva, o IR sobre o resgate pode chegar até 10% do ganho se investir por um prazo superior a 10 anos. Enquanto na tabela normal, o IR varia de 15% a 22,5% sobre o ganho.
Camargo Luiz alerta, entretanto, que nem todo o investimento em previdência deve ser considerado, e o investidor precisa estar atento aos riscos que seu patrimônio pode correr. “Em uma economia com o nível de taxa de juros que o Brasil possui, para fazer uma previdência responsável, ninguém precisa incorrer em risco de crédito corporativo privado e muito menos da volatilidade da renda variável. É bom lembrar que, no longo prazo, o CDI bate o índice Bovespa, e crédito privado, quando dá problema, vale zero”, afirma.
Deixe os juros compostos trabalharem
Os fundos de previdência disponíveis no mercado variam em termos de risco e estratégia. É preciso estar atento na hora fazer sua opção. Apesar de mais de 60% do volume estar aplicado em títulos públicos, uma parte considerável, quase 30% do patrimônio destas instituições, é destinado a papéis privados de renda fixa; o restante se divide entre ações e outros ativos alternativos.
Mas arriscar tanto em ações quanto em crédito privado corporativo para obter maior rentabilidade pode parecer correto quando se trata de longo prazo, pois os retornos prometidos são maiores que as opções de mercado livres de risco. “Enquanto os olhos brilham para a expectativa de ganho, poucos param para avaliar o que ocorreria em um momento de revés. E em que fase da vida estão para assumirem este tipo de risco”, ressalta Camargo Luiz.
O gestor explica que os recursos em previdência não são voltados para o enriquecimento do investidor, nem tampouco podem correr riscos desnecessários que, muitas vezes, levam à perda considerável e permanente do patrimônio, vide o que aconteceu no caso Americanas e Light.
“O objetivo da previdência é justamente evitar perdas para que os juros compostos possam trabalhar livremente ao longo do período de trabalho – que naturalmente é limitado pela idade do investidor. Interromper este processo pode causar danos e depois não haverá tempo hábil suficiente para que o investidor se recupere”, ressalta.
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Fundos de previdência com baixa volatilidade
Desta forma, é mais recomendável que o poupador busque fundos mais conservadores, com baixa volatilidade e que não contenham nem exposição à volatilidade da renda variável nem tenham em sua carteira crédito privado corporativo. Mesmo que a perspectiva de rentabilidade de tais fundos possa parecer menor quando comparada a outras possibilidades mais “sedutoras” do mercado, tais fundos apresentam um retorno simétrico ao risco incorrido e não darão sustos em seus cotistas.
“Fundos de previdência similares aos chamados fundos de caixa, ou cash, se tornam uma máquina de produzir retorno composto no tempo. Pagam pouquíssimo IR, não têm os riscos e volatilidade da renda variável e tampouco crédito corporativo privado, que a cada 12 ou 18 meses, em média, tem criado muitos problemas para os investidores de longo prazo e se tornou uma máquina de destruir valor para cotista no longo prazo, principalmente para quem quer deixar o dinheiro por 30 anos”, explica.
Camargo Luiz observa que, com rentabilidade consistente e sem sobressaltos ao longo dos anos, os fundos de caixa se tornam uma máquina de produzir dinheiro, pois permitem que os juros compostos façam seu trabalho.