Por que o home equity ainda não é popular no Brasil?

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mercado imobiliário
Chave da casa (ilustração CC)

BC cogita mesma propriedade como garantia em mais de uma operação

 

Quando uma pessoa vai atrás de um empréstimo, uma cartilha de possibilidades é oferecida: empréstimo pessoal, empréstimo consignado, financiamento, entre outros. Uma das modalidades mais compensatórias, porém ainda pouco reconhecida no cenário brasileiro, é o home equity, ou CGI (Crédito com Garantia de Imóvel). Nesse modelo, o cliente recebe o empréstimo utilizando um imóvel como garantia. Por conta deste caução mais robusto, os bancos acabam oferecendo condições comerciais bastante vantajosas, já que os riscos de inadimplência acabam sendo mais baixos.

Lançado oficialmente no Brasil em 2007, o home equity se diferencia por disponibilizar ao tomador empréstimos com valores elevados e juros reduzidos na comparação com outras modalidades de crédito. Diante dessa realidade, a opção tem dado sinais que começa a cair no gosto do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de concessões com um imóvel como garantia cresceu 13% de janeiro a novembro de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, ultrapassando a marca de R$ 4,8 bilhões.

Apesar desse crescimento acima de um dígito, o home equity em geral segue sendo uma opção pouco procurada pelos brasileiros. Para se ter uma ideia, o volume total de empréstimos bancários no último ano atingiu R$ 664 bilhões, chegando a marca de R$ 4,6 trilhões em crédito contratado, segundo dados do Banco Central (BC). Atualmente estima-se que o mercado nacional de home equity esteja com uma carteira contratada de R$ 13,8 bilhões. Contudo, o próprio BC projeta que esse tipo de crédito tem potencial para alcançar a marca de R$ 500 bilhões.

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Um ótimo motivo para que esse valor seja considerado realista é a enorme lista de vantagens atreladas a esse tipo de crédito. A maior delas, como já mencionado, são os juros mais baixos. Por conta da garantia de um imóvel, a modalidade geralmente conta com uma variação que fica geralmente na casa dos 12% ao ano. A título de comparação, o rotativo do cartão de crédito, por exemplo, tem uma taxa de juros média de 309,8% ao ano.

Além dos juros, o home equity também se destaca por ter uma burocracia bem mais simples, além de ser uma boa opção para negativados ou para quem está com restrições em seu CPF, sem contar o fato de estabelecer um prazo de pagamento bem mais estendido numa comparação com as outras linhas de crédito disponíveis no mercado.

Outro benefício que precisa ser destacado é a sua destinação livre, ou seja, o beneficiado não precisa informar onde o valor vai ser empregado ou apresentar uma planilha de gastos para demonstrar o destino do empréstimo. Essa característica abre caminho para que o montante seja utilizado para o fim que o devedor desejar – desde reorganização de dívidas, troca de dívidas por juros mais baratos ou até mesmo para iniciar um próprio negócio.

Apesar dessa série de vantagens e benefícios, o home equity ainda não é uma modalidade de crédito totalmente difundida no país porque muitas pessoas simplesmente não conhecem essa opção, além de outras terem um receio de alienar o imóvel e perdê-lo por conta da inadimplência. No entanto, é importante ressaltar que essa é uma opção bastante improvável, simbolizando um risco baixo, e não faz com que a modalidade deixe de ser uma das opções mais viáveis devido aos juros mais baixos.

Se o crédito com garantia de imóvel já é uma das opções mais vantajosas atualmente, a tendência é de que as condições se tornem ainda melhores nos próximos anos. Com o objetivo de incentivar e assim tornar o home equity ainda mais barato no Brasil, o BC, em conjunto com o Ministério da Economia, vem estudando novas opções para uma ampliação do acesso deste tipo de crédito, cogitando inclusive fazer com que uma mesma propriedade possa ser dada como garantia em mais de uma operação, mesmo em bancos diferentes.

Sem dúvida, todos esses avanços tendem a inserir o home equity como uma das melhores alternativas para quem busca um empréstimo. Apesar de alguns brasileiros temerem perder seu imóvel, pouco a pouco as fintechs e os grandes bancos estão acelerando a educação de mercado, e mostrando que esse risco é extremamente baixo. Com esse trabalho sendo constantemente ampliado, é possível que o país atinja a mesma maturidade alcançada nos Estados Unidos e Europa nos próximos anos. Lá, tanto a indústria financeira como a própria população já enxerga essa linha de crédito como opção prioritária no momento de tomar um empréstimo.

 

Bruno Gama é CEO da Credihome.

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