Quando o acrônimo Pigs (Portugal, Itália, Grécia e Espanha, no original em inglês) apareceu pela primeira vez, em 2008, na coluna “Lex” do jornal britânico Financial Times, para juntar num único grupo os países que seriam a bola da vez da crise, provocou duras reações, não só de governos, como o então ministro da Economia de Portugal, Manuel Pinho, como de integrantes do mercado financeiro. Criador da sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o economista chefe do Goldman Sachs, Jim O”Neill, por exemplo, classificou Pigs de “muito rude”: “Apesar de gostarmos dos nosso acrônimos na Goldman Sachs, pensamos que, atualmente, é muito rude e nós não descrevemos esses países como Pigs”, afirmou O”Neill.
Porcaria 2
Ano passado, o Barclays Capital chegou a avisar a seus analistas que a expressão deveria ser banida dos relatórios da instituição. Em menos de um ano, porém, o Pigs virou Piigs, com o acréscimo da Itália ao clubes das nações de economia cambaleante e um a um todos os países foram rebaixados pelas agências classificadoras de risco, atitude que aprofundou a crise interna e externa, apesar do triste papel desempenhado por estas na crise de 2008. Ou seja, a “porcaria” se confirmou
Mãe
Malgrada a promessa de que a saída do Estado do setor liberaria recursos públicos substanciais para outras áreas, desde a privatização das telecomunicações, em 1998, o BNDES já repassou R$ 29 bilhões às teles, a maioria estrangeiras de origem estatal. A última agraciada foi a Vivo, contemplada com R$ 3 bilhões em dinheiro público subsidiado. Imaginem se, no exterior, os governos fossem tão generosos com empresas brasileiras interessadas em disputar seus mercados com as companhias locais.
Carona
O estrondoso silêncio de grande parte da imprensa carioca sobre o escandaloso monopólio concedido pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, à Fetranspor, no transporte via frescão até o Rock in Rio, por escandalosos R$ 35, diz muito mais sobre a pluralidade e a independência desse tipo de jornalismo do que duas dezenas de resoluções do PT sobre monitoramento da mídia.
Superação
Nesta sexta-feira, será a pré-estreia do documentário Roubando Ofício, terceiro episódio da série Majestades Anônimas. A obra, que narra a história do artista plástico uruguaio Ademar Berois, radicado no Brasil desde a década de 1960, mostra como superou as dificuldades da infância pobre, tornou-se campeão de luta greco-romana no Uruguai, veio para o Brasil e virou escultor. O início será às 20h30m, na Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso 270, Vila Mariana, São Paulo).
Demanda
Embora favorável à volta da Glass-Steagall, lei de 1933 que impedia os bancos comerciais dos EUA de atuarem como bancos de investimento, Luiz Fernando de Paula, presidente da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), pondera que será a demanda e não a Glass-Steagall que vai alavancar o investimento produtivo: “A idéia era evitar que a crise em determinado segmento contaminasse outros. Poderia resolver problema de regulação, mas não forçaria os bancos a emprestar. Prefiro a alternativa defendida por Joseph Stiglitz (Nobel de Economia), para quem o melhor seria pagar a conta de quem está devendo, em vez de socorrer os bancos.”
Onda forte
Quanto ao Brasil, De Paula avalia que dependerá do desdobramento da crise: “Não será a “marolinha” de Lula, mas também não será o maremoto de 2008. Haverá impacto sobre fluxos de capitais e comércio no momento em que apresentamos sinais de desaceleração, ao contrário de 2008. Daí prognósticos para o PIB estarem sempre diminuindo”, lembra o presidente da AKB.