Em Portugal, as moratórias de crédito estão sendo consideradas “um balão de oxigênio” para empresas com dificuldades em continuar a pagar os empréstimos, na sequência da pandemia de Covid-19. O tema foi apresentado em reportagem publicada no site do jornal português Público nesta quinta-feira. Em setembro de 2020, 32% dos empréstimos totais estavam inseridos nas medidas que permitiram suspender o pagamento de juros ou de capital e juros no país.
Os dados constam do Relatório de Estabilidade Financeira de Dezembro, divulgado pelo Banco de Portugal (BdP). A instituição prevê que até ao final do período de vigência da moratória (setembro de 2021), as prestações devidas e não pagas possam ascender a cerca de 15% do estoque de empréstimos das empresas”, ou seja, a cerca de 11 bilhões de euros (um terço do qual é relativo a prestações devidas até setembro 2020)”.
Para algumas empresas, especialmente pequenas e médias empresas, o alívio temporário do serviço da dívida proporcionado pela adesão à moratória foi complementado com a contratação de novo crédito, incluindo com garantia pública, para o financiamento da sua atividade corrente. Os empréstimos concedidos entre março e setembro de 2020, cerca de 40%, tinham como contraparte um mutuário que aderiu à moratória.
Quanto à qualidade de crédito, e de acordo com o documento, o incumprimento dos empréstimos bancários a empresas manteve, em 2020, “a tendência de decréscimo observada nos últimos anos, apesar do risco de crédito latente ter aumentado”. Esta evolução é explicada pelo efeito das moratórias.
Grupos bancários
Tendo como referência a informação dos sete maiores grupos bancários com atividade em Portugal, é possível verificar que a percentagem de empréstimos classificado na fase 2 de imparidade, isto é, com um aumento significativo do risco de crédito, é superior no crédito que se encontrava em moratória (22%), por comparação com a carteira total (13,7%).
“Estes resultados evidenciam alguma prudência dos bancos na avaliação do risco de crédito dos devedores na conjuntura atual, refletindo também uma maior percepção de risco relativamente à carteira de crédito que se encontra em moratória”, conclui o BdP.
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