A Petrobras assinou na última sexta-feira (24), na Ásia (quinta-feira à noite no Brasil), os contratos de aquisição dos navios-plataforma (FPSO) P-84 e P-85, com a Seatrium O&G Americas Limited. As construções serão realizadas em estaleiros de Singapura, China e Brasil e terão apenas 20% (P-84) e 25% (P-85) de conteúdo local. A assinatura do contrato ocorreu momentos antes da posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras.
Segundo o site Petronotícias, houve uma corrida para assinar os contratos, sem o conhecimento da nova presidente, porque eles previam baixo percentual de conteúdo local. A construção de até 80% das plataformas no exterior contraria o discurso do presidente Lula, que pretende reativar a indústria naval brasileira. A demora do ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates em retomar a construção no Brasil foi um dos fatores que levou a sua substituição por Magda.
Em entrevista coletiva no início da noite desta segunda-feira, a presidente da Petrobras reforçou: “Temos muita coisa boa feita no Brasil e minha obrigação é ajudar a reforçar as cadeias nacionais.” Sobre a gestão, Magda afirmou que “a Petrobras tem que ser rentável, mas atender interesses de acionistas minoritários e majoritários”.
Conforme o Monitor Mercantil calculou, construção ou fretamento de plataformas pela Petrobras no exterior levaram à perda de 60 mil empregos diretos e 180 mil empregos indiretos, o que representa R$ 21 bilhões anuais. As perdas nas contribuições governamentais totalizam R$ 12 bilhões/ano. Somando tudo, R$ 33 bilhões/ano.
As duas novas plataformas são do tipo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência) e serão instaladas em profundidade de água superior a 2 mil metros no pré-sal da Bacia de Santos. As plataformas P-84 (Atapu) e P-85 (Sépia) terão, cada uma, capacidade de produção diária de 225 mil barris de óleo por dia e processamento de 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia, com início de produção previsto entre 2029 e 2030.
Atualmente, os campos de Atapu e Sépia contam com a produção de duas plataformas, sendo a P-70 no Campo de Atapu e o FPSO Carioca no campo de Sépia. A P-84 e a P-85 serão as segundas unidades em seus respectivos campos.
Os projetos da P-84 e P-85 têm a previsão de redução de 30% na intensidade de emissões de gases de efeito estufa por barril de óleo equivalente produzido, colocando-os entre os FPSOs mais eficientes a entrar em operação no Brasil, segundo a Petrobras.
“A redução se deve aos benefícios da configuração All Electric, de otimizações na planta de processamento para o aumento da eficiência energética e da incorporação de diversas tecnologias, tais como: zero ventilação de rotina (recuperação de gases ventilados dos tanques de carga e da planta de processamento), captação profunda de água do mar, uso de variadores de velocidade em bombas e compressores, cogeração (Waste Heat Recovery Unit), zero queima de rotina (recuperação de gases da tocha – flare fechado), válvulas com requisitos para baixas emissões fugitivas e a captura, uso e armazenamento geológico do CO2 do gás produzido”, explica nota da companhia.
A Petrobras detém na jazida compartilhada de Atapu 65,7% de participação, em parceria com Shell (16,7%), TotalEnergies (15%), Petrogal Brasil (1,7%) e União, representada pela PPSA (0,9%). Para a jazida compartilhada de Sépia, a Petrobras possui 55,3% de participação em parceria com TotalEnergies (16,9%), Petronas (12,7%), QatarEnergy (12,7%), Petrogal Brasil (2,4%). Nas duas jazidas, a Petrobras é a operadora, e a PPSA atua como gestora do contrato de partilha.