Vale-refeição não acompanha alta da refeição: mais de 48% desde 2019

Pesquisa mostra que neste ano, benefício tem durado, em média, só 11 dias; número de bares e restaurantes trabalhando com prejuízo cai em agosto

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Arroz e feijão em comida a quilo (Foto: Antonio Cruz/ABr)
Arroz e feijão em comida a quilo (Foto: Antonio Cruz/ABr)

De acordo com levantamento realizado pela Pluxee, o valor do vale-refeição durou, em média, apenas 11 dias entre janeiro e julho de 2024. Paralelamente, uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) revelou que os custos das refeições aumentaram significativamente neste ano. Para garantir uma refeição completa em 2024, incluindo prato principal, suco e sobremesa, o trabalhador brasileiro precisa desembolsar, em média, R$ 51,61. Esse cenário demonstra que uma parte considerável do salário mensal do trabalhador está sendo destinada para complementar a refeição.

A pesquisa também revelou uma queda contínua na durabilidade do vale-refeição ao longo dos últimos anos. Em 2019, antes da pandemia, o benefício durava, em média, 18 dias, cobrindo quase todos os 22 dias úteis de trabalho.

“Após a pandemia, com a inflação dos preços dos alimentos, bem como o aumento nos custos de aluguel, salários e encargos, água, luz, transporte, entre outros, tornou-se cada vez mais difícil para o trabalhador fazer com que seu vale-refeição durasse. Em 2022, esse período caiu para apenas 13 dias; em 2023, reduziu-se ainda mais, para 11 dias, e permaneceu assim até 2024, conforme nosso levantamento. Vemos uma melhora no cenário econômico, mas, ainda assim, o setor alimentício segue em recuperação”, comenta Guilherme Carl, diretor comercial da Pluxee.

Ao mesmo tempo, a ABBT destaca que o custo de se alimentar fora de casa aumentou significativamente ao longo dos últimos anos. Em 2019, o trabalhador pagava, em média, R$ 34,85 por uma refeição completa popular. Após a pandemia, em 2022, esse valor subiu para R$ 40,64. Em 2023, os preços continuaram a subir, chegando a R$ 46,60, e em 2024, o custo de uma refeição completa atingiu R$ 51,61. Isso representa um aumento de 48,09% em comparação com os valores de 2019.

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Nesse contexto, Guilherme aborda as estratégias adotadas pelos trabalhadores para esticar o valor do vale-refeição:

“Diante do aumento dos preços das refeições e do vale-refeição que não acompanhou esse crescimento, os trabalhadores têm buscado alternativas para economizar na hora do almoço durante o expediente. Uma pesquisa realizada pela Pluxee, envolvendo mais de 4.300 trabalhadores, revelou que as opções mais populares são os bufês com preço fixo, escolhidos por 33% dos entrevistados, onde é possível comer à vontade com previsibilidade no custo, e os restaurantes por quilo, também com 33% das preferências, que permitem personalizar uma refeição mais saudável, ajustar a quantidade e escolher opções que agradem ao paladar, tudo isso pagando um pouco menos.”

Ao analisar a duração do vale-refeição por estado, observamos variações significativas em todo o Brasil. Roraima registra a menor duração, com o benefício durando apenas oito dias, três dias a menos do que a média nacional. Logo em seguida, aparecem os estados do Acre, Alagoas, Mato Grosso, Pará e Piauí, onde o vale-refeição dura apenas nove dias. Nos estados do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins, o benefício se estende por 10 dias.

Os estados em que o vale-refeição tem a mesma duração da média nacional, de 11 dias, são Bahia, Goiás, Espírito Santo e Paraíba. Já nos estados com uma duração superior à média nacional, de 12 dias, encontramos Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Pernambuco, Paraná, Rondônia e Santa Catarina. Por fim, nos estados do Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, o vale-refeição dura 13 dias, enquanto Minas Gerais se destaca com a maior duração, alcançando 14 dias.

Já pesquisa mensal da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontou que o número de empresas que operam com prejuízo diminuiu em agosto. De acordo com o levantamento, 21% dos estabelecimentos registraram perdas no último mês, uma queda significativa em relação aos 26% observados em julho.

Ao mesmo tempo, o percentual de empresas que conseguiram fazer lucro aumentou de 39% para 42%, enquanto 36% mantiveram equilíbrio financeiro (1% não soube responder ou não existia em agosto de 2024). A pesquisa foi realizada com 2.041 empresários em todo o país.

Os dados refletem a melhora no movimento captada pelo índice Abrasel-Stone, que registrou um crescimento de 4% em agosto, revertendo a tendência de queda observada nos dois meses anteriores. O índice apresentou uma melhora em 22 dos 24 estados analisados e, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 2%.

Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, a retomada das vendas em agosto é um bom sinal, mas o setor ainda enfrenta pressões significativas.

“Hoje, 57% das empresas ainda não conseguem lucrar, e o setor tem enfrentado novas ameaças, como a concorrência das apostas online, as chamadas bets. Essas apostas têm impedido uma retomada ainda mais forte em um momento de baixa no desemprego e de maior poder de compra da população”, afirma Solmucci.

A pesquisa também indicou que as eleições de outubro podem impactar o faturamento de parte do setor. Mais de um quarto das empresas, 27%, acredita que a votação reduzirá o faturamento em outubro, enquanto 15% esperam um aumento nas receitas. Para 58%, as eleições não terão influência. Em relação à Lei Seca, vigente em algumas cidades durante o período eleitoral, 27% dos empresários acreditam que ela afeta negativamente o movimento. Outros 67% consideram a medida indiferente, e 6% a veem como positiva para o faturamento.

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