Preços da indústria caíram 0,36% em abril, terceira queda consecutiva

Dados são do IBGE; já o Índice GS1, Brasil que mede os planos do setor em lançar produtos, registra retração de 24,3% maio ante o mês anterior

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Empilhadeira na indústria (Foto: Nino Sartria/Sxc.Hu)
Empilhadeira na indústria (Foto: Nino Sartria/Sxc.Hu)

Os preços da indústria registraram variação negativa de 0,36% em abril frente a março (-0,60%), terceiro mês seguido de queda, após uma sequência de 12 resultados positivos consecutivos. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, apresentou alta de 7,27% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em -0,93%. Em abril de 2024, a taxa mensal havia sido de 0,67%.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das indústrias extrativas e de transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.

Em abril de 2025, oito das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações negativas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em março, 11 atividades haviam apresentado menores preços médios em relação a fevereiro de 2025. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE.

Na comparação com março, o setor que mais influenciou o resultado foi refino de petróleo e biocombustíveis, responsável por -0,35 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -0,36% da indústria geral. Outras atividades que também se sobressaíram foram Indústrias extrativas, com -0,20 p.p. de influência; alimentos, com 0,18 p.p.; e outros produtos químicos, com -0,09 p.p.

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“Observe que alimentos foi a única influência positiva entre as destacadas. É uma situação distinta daquela observada em março, quando sua influência era negativa e a mais intensa”, explica Alexandre Brandão, gerente de Análise e Metodologia da Coordenação de Estatísticas Conjunturais em Empresas.

Brandão ressalta, ainda, que o setor de refino de petróleo “já apresentava um resultado negativo em março, embora de menor influência (-0,06 p.p., em -0,60%). Naquele momento, os produtos destacados não eram os de maior peso no cálculo do setor. Em abril, a queda de preços do setor se intensificou e a principal influência veio de óleo diesel, produto de maior peso no cálculo do setor, com mais de 45%”.

Já o setor de alimentos (0,72%) mostrou variação positiva pela primeira vez no ano. Com isso, o acumulado no ano foi de -2,27%, contra -2,97% de março. No acumulado em 12 meses, a variação foi de 13,19%.

Para Alexandre Brandão, a inversão de variação negativa, em março, para positiva, em abril, está particularmente atrelada ao fato de o preço de carnes bovinas frescas ou refrigeradas ter avançado positivamente, fato que está em linha a um menor contingente de cabeças disponíveis para o abate.

“Vale também destacar a depreciação do real frente ao dólar (0,6%), o que não acontecia desde dezembro de 2024. A influência positiva do café permaneceu. Também no campo positivo aparece a variação de preços do óleo de soja, em momento de aumento de demanda pelos grãos de soja. O único produto cujos preços caíram, entre os destaques, foi arroz, cuja safra está acontecendo”, destacou o gerente.

A variação mais intensa entre as atividades pesquisadas foi a das indústrias extrativas (-4,43%). Com isso, o acumulado no ano foi a -12,33% (em abril de 2024, estava em 1,64%) e o em 12 meses a -9,42% (o mais intenso desde julho de 2023, -28,32%). Foi a variação mais intensa tanto no resultado mensal, quanto no acumulado no ano, ambos negativos, além de ser a segunda influência no mensal (-0,20 p.p., em -0,36%), a primeira no acumulado no ano (-0,59 p.p., em -0,93%) e a quarta no acumulado em 12 meses (-0,47 p.p., em 7,27%), neste indicador, a única negativa entre as quatro destacadas. “No caso de extrativas, como apontamos, o mercado interno acompanha o movimento do mercado externo, que está com os principais produtos do setor em tendência de queda. Os resultados de abril deram protagonismo ao setor”, ressalta Brandão.

Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços em abril frente a março de 2025, que foi de -0,36% na indústria geral, repercutiu da seguinte maneira: 0,01% de variação em bens de capital; -1,23% em bens intermediários; e 0,83% em bens de consumo, sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de 0,21%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de 0,95%.

“Como se vê, apenas bens intermediários tiveram variação negativa de preços, e sua influência, no mensal (-0,68 p.p., em -0,36%), foi contrabalançada por bens de consumo (0,31 p.p.), particularmente, pelos bens de consumo não-duráveis (0,30 p.p.). Dos 10 produtos de maior influência no resultado mensal do bens intermediários, apenas dois têm influência positiva (ouro e óleo de soja). O maior impacto vem de óleo diesel, acompanhado de óleos brutos de petróleo, ambos com redução de preços na passagem de março para abril. Em bens de consumo semiduráveis e não duráveis, são as variações positivas nos preços de carnes bovinas e café as principais influências”, complementa Brandão.

Já o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial registrou em maio de 2025 uma retração de 24,3% na comparação dessazonalizada com abril, o que sinaliza uma desaceleração acentuada na intenção de lançamento de produtos pela indústria. Medido mensalmente pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, o indicador registra queda de 26,2% em comparação com maio de 2024.

No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador manteve variação negativa de 3,0%, enquanto no acumulado do ano a retração alcançou 3,1%. “Os resultados de maio refletem um movimento atípico para a indústria brasileira, após um primeiro trimestre mais intenso que o usual. A série histórica mostra que mesmo o segundo trimestre sendo tradicionalmente o início do ciclo de maior intenção de lançamentos, há precedentes de quedas pontuais neste período”, explica.

No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador manteve variação negativa de 3,0%, enquanto no acumulado do ano a retração alcançou 3,1%.

“Os resultados de maio refletem um movimento atípico para a indústria brasileira, após um primeiro trimestre mais intenso que o usual. A série histórica mostra que mesmo o segundo trimestre sendo tradicionalmente o início do ciclo de maior intenção de lançamentos, há precedentes de quedas pontuais neste período”, afirma Virginia Vaamonde, CEO da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. Para Virginia, “mesmo diante desse recuo, movimentações positivas, como no setor de bebidas, demonstram que a desaceleração não é generalizada”.

Com informações da Agência de Notícias IBGE

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