Os preços dos alimentos ganharam as manchetes dos jornais, mas os custos dos insumos para produção industrial também estão subindo vigorosamente. Segundo o IBGE, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação registra alta de 10,8% no acumulado em 2020 e de 13,74% em 12 meses.
Além de cara, a matéria-prima está em falta. A empresária Laissa Negoseki, proprietária de uma pequena confecção em Curitiba, já vinha observando que as malhas usadas para produzir as roupas estavam ficando mais caras. O que acontece agora, no entanto, é inédito: além de uma nova alta de preços, as malhas estão em falta. É o que mostra matéria do Portal Vermelho.
Segundo Laissa, os fabricantes alegam que não há fio disponível para fazer as malhas. “Eles falam que não tem fio para produzir e que tudo o que recebem já está comprometido com pedidos grandes, pedidos recorrentes para empresas grandes”, conta. Na avaliação da empresária, o dólar alto é o principal motivo por trás da escassez e da alta de preços dos tecidos, que usam como matéria-prima um produto exportado pelo Brasil: o algodão.
A elevação de preços, bem como o relato de atrasos nas entregas e até falta de insumos, não são uma exclusividade de produtos feitos a base de algodão. Para citar alguns, há relatos de problemas na oferta de PVC, polipropileno, polietileno, componentes eletrônicos e aço, relata o portal.
O economista Altair Garcia, analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirma que o dólar valorizado desempenha um papel importante na alta de preços e redução da oferta de alguns produtos. No entanto, diz, é preciso ter em vista outras questões, como a pandemia, que levou alguns mercados a se tornarem mais fechados. A queda na produção devido aos meses de isolamento social também pode ter sido um fator que pressionou os preços, acredita Garcia.