Em dezembro de 2024, os preços do setor industrial avançaram 1,48% frente ao mês anterior, o 11º resultado positivo em sequência. Com isso, a inflação da indústria fechou o ano de 2024 com alta de 9,42%, quarto maior valor acumulado no ano até dezembro desde o início da série histórica, em 2014. A alta de 2024 superou em mais de 14 pontos percentuais (p.p.) o índice registrado em 2023 (-4,99%). Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje pelo IBGE.
“O resultado do IPP em dezembro e no ano de 2024 como um todo pode ser explicado, parcialmente, pela alta recente e corrente do dólar. Isso porque o câmbio, pela ótica do produtor, impacta diversos setores da indústria. Em dezembro, o dólar teve um aumento de 5% frente ao real e terminou o ano com uma alta acumulada de 24,5%. Logo, praticamente todos os setores que se destacaram no indicador de longo prazo sofreram, em alguma medida, impacto do dólar: alimentos, metalurgia, químicos, fumo, madeira e outros equipamentos de transporte”, explica Murilo Alvim, analista do IPP.
No caso dos alimentos, a atividade foi responsável pela maior influência em dezembro (0,49 p.p.) e no indicador acumulado no ano (3,48 p.p.). “Esse resultado é, em grande parte, explicado pelos maiores preços das carnes, especialmente as bovinas e as de aves. O grupo de abate e fabricação de produtos de carne, por exemplo, teve alta de 2,84% no mês, e já vem, desde agosto, com variação mensal sempre acima de 2%. O resultado de dezembro pode ser justificado por fatores como uma demanda mais aquecida pelos produtos, o aumento das exportações, que acabam reduzindo a oferta no mercado interno, e, justamente por ser um produto exportável, é impactado também pela alta do dólar. Além das carnes, nesse mês também apareceram como destaques as altas observadas no suco de laranja e nos resíduos da extração de soja”, acrescenta Murilo.
Após o resultado de dezembro, o setor de alimentos fechou 2024 com uma alta acumulada de 14,08%, a variação positiva mais intensa da atividade desde dezembro de 2021 (18,66%). Segundo Murilo, “no indicador acumulado no ano, as carnes também apareceram como principal influência, mas houve ainda impacto causado pelas variações do café, cujo grupo econômico teve alta de 69,28% em 2024, por conta de um declínio global da oferta (impactada por condições climáticas e desafios de logística), e do óleo de soja, que também tem sofrido impacto do dólar, estando com as exportações aquecidas e com a oferta reduzida no mercado interno”.
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. As atividades que, em dezembro de 2024, tiveram as maiores variações no acumulado no ano, foram metalurgia (29,29%), fumo (19,25%), madeira (17,97%) e outros equipamentos de transporte (17,68%). Já as principais influências no acumulado da indústria geral vieram de alimentos (3,48 p.p.), metalurgia (1,71 p.p.), outros produtos químicos (0,94 p.p.) e veículos automotores (0,36 p.p.).
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, o resultado anual se estabelece a partir da variação de 7,52% em bens de capital (com influência de 0,58 p.p.), 8,49% em bens intermediários (4,73 p.p.) e 11,24% em bens de consumo (4,11 p.p.).
Em relação ao mês de dezembro de 2024, a variação em comparação com o mês anterior foi de 1,48%. Em novembro, na comparação com outubro, a indústria havia registrado expansão de 1,25%.
No último mês do ano passado, 22 das 24 atividades industriais investigadas apresentaram variações positivas de preço ante novembro, seguindo o sinal da variação na indústria geral. Os destaques nesse quesito foram indústrias extrativas (5,14%), metalurgia (4,73%), outros equipamentos de transporte (3,26%) e fumo (2,59%). Em termos de influência, as atividades que mais sobressaíram, além de alimentos (0,49 p.p.), foram metalurgia (0,32 p.p.), indústrias extrativas (0,24 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,09 p.p.).
Entre as grandes categorias econômicas, a variação de preços na passagem de novembro para dezembro foi de 1,40% em bens de capital (com influência de 0,11 p.p.), 1,74% em bens intermediários (0,96 p.p.) e 1,11% em bens de consumo (0,42 p.p.).
Agência de Notícias IBGE
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