Prévia da inflação, IPCA-15 de janeiro fica em 0,58%

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Supermercado (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Supermercado (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A prévia da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), desacelerou em janeiro para 0,58%, após registrar alta de 0,78% em dezembro de 2021. No acumulado de 12 meses, o indicador ficou em 10,20%, depois de bater 10,42% nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, o IPCA-15 foi de 0,78%.

Os dados foram divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Instituto, o resultado foi puxado pela queda de 0,41% no grupo dos transportes, que foi influenciado pela diminuição nos preços da gasolina (-1,78%) e das passagens aéreas (-18,21%). Também tiveram redução no período apurado o etanol (-3,89%) e o gás veicular (-0,26%).

Por outro lado, os outros oito grupos componentes do IPCA-15 tiveram alta no primeiro mês do ano. Alimentação e bebidas subiram 0,97%, puxadas pela alta de 1,03% na alimentação no domicílio.

Os principais impactos foram na cebola (17,09%), frutas (7,10%), café moído (6,50%) e carnes (1,15%). No mês, foram registradas quedas nos preços da batata-inglesa (-9,20%), do arroz (-2,99%) e do leite longa vida (-1,70%).

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A alimentação fora do domicílio subiu 0,81%, acelerando em relação à alta de 0,08% registrada em dezembro. Enquanto o lanche passou -3,47% no mês anterior para 1,25%, a refeição ficou em 0,63%, abaixo da alta de 1,62% de dezembro.

O grupo saúde e cuidados pessoais subiu 0,93%, com destaque para os itens de higiene pessoal, que ficaram 3,79% mais caros em janeiro. Já os planos de saúde recuaram 0,69%, após a incorporação, em dezembro, da última fração mensal do reajuste anual suspenso em 2020. Segundo o IBGE, com isso, em janeiro foi incorporada a fração referente ao reajuste negativo de -8,19% anunciado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no ano passado.

O grupo habitação subiu 0,62%, refletindo o impacto da alta de 1,55% no aluguel residencial. Também tiveram alta o gás encanado (8,40%), consequência do reajuste de 17,64% em São Paulo. Por outro lado, a energia elétrica desacelerou para 0,03%, depois de subir 0,96% em dezembro. A taxa de água e esgoto subiu 0,28%, com o reajuste de 9,05% ocorrido em Salvador.

A maior variação foi verificada em vestuário, que subiu 1,48%. Todos os itens pesquisados ficaram mais caros, como roupas masculinas (2,35%), roupas femininas (1,19%) e calçados e acessórios (1,20%). Nos artigos de residência, a alta foi de 1,4%, com destaques para a alta de 2,26% nos eletrodomésticos e equipamentos e de 2,04% nos itens de mobiliário.

Despesas pessoais subiram 0,51% em janeiro, educação ficou 0,25% mais cara e comunicação subiu 1,09%.

De acordo com o IBGE, todas as áreas pesquisadas para o IPCA-15 tiveram alta em janeiro. A maior foi na região metropolitana de Salvador, onde a taxa subiu 1,08%, influenciada pelos itens de higiene pessoal (4,57%) e pelas frutas (9,90%). O menor resultado foi o de Brasília, com alta de 0,19%, impactada pela queda no preço da gasolina (-4,89%) e das passagens aéreas (-14,37%).

Para Felipe Sichel, estrategista-chefe do Banco Digital Modalmais, o IPCA-15 de janeiro ficou acima do esperado, avançando 0,58% (Modal: 0,42%, mercado: 0,44%), após subir 0,78% em dezembro. Em 12 meses, o índice acumula alta de 10,20%.

“Pelas aberturas, os preços administrados caíram 0,32% (ante 1,17% em dezembro) e livres variaram 0,91% (ante 0,63%). Destes, observa-se alta de 1,03% em alimentos em domicílio (ante 0,46%), 0,52% em serviços (ante 0,72%) e 1,45% em indústria (ante 0,64%). As medidas subjacentes representam o maior motivo de atenção no IPCA-15. Industriais subjacentes (1,79%, exp. 1,72%) voltaram a acelerar, enquanto serviços subjacentes (0.99%, exp. 0,74%) apresentaram a maior elevação mensal desde abril de 2015.A média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central acelerou para 0,95% em janeiro, ante 0,68% em dezembro. Em 12 meses, a medida foi de 7,44% para 7,76%. Além disso, o índice de difusão acelerou para 74,39%, ante 68,94% no mês anterior.”

Felipe lembra que de um modo geral, “o IPCA segue com uma composição desfavorável, com acelerações disseminadas e recuos concentrados. A queda em transportes observada em janeiro, por exemplo, não deve se repetir nos próximos meses, dada a defasagem da gasolina e a dinâmica das passagens aéreas. Por outro lado, as pressões sobre as medidas subjacentes, tanto de indústria quanto de serviços e núcleos, apresentam relevante persistência. Estas surpresas adicionam risco altista à nossa projeção para o IPCA fechado de janeiro, atualmente em 0,37%. Por fim, este dado corrobora a perspectiva de uma elevação de 150bps na Selic na próxima reunião do Copom.”

Já para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, “o IPCA-15 de janeiro surpreendeu a nós, que esperávamos 0,45% e a mediana do mercado em 0,44%. Em 12 messes o IPCA-15 desacelerou na margem, de 10,42% para 10,20%, mas isso não alivia em nada a perspectiva inflacionário que segue muito ruim.Nossa surpresa foi disseminada em diversos grupos. Observamos diversas surpresas altistas em nossas projeções. Aluguel residencial foi subestimado por nós em 3bps, seguido de artigos de residência e transportes (2bps cada) e vestuários (5bps). Outros dois destaques altistas foram cuidados pessoais (3bps) e reajuste de combo de telefonia, internet e TV por assinatura. A perspectiva inflacionária é muito ruim tendo em vista que as pressões altistas tenderão a perdurar pelo menos na próxima divulgação e os alívios tendem a não serem consistentes, dada as intempéries climáticas correntes.”

 

Com informações da Agência Brasil

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