Segundo o especialista regional em educação para o trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Eduardo Rodrigues Calderón, as Américas estão longe de ser o paraíso para os trabalhadores. A região concentrou, na última década, 55% das queixas de violação dos direitos trabalhistas. Surpreendente para alguns, o Canadá lidera a lista, seguido de Peru, Argentina, Colômbia e Venezuela.
Sem beleza
Com relação aos setores da economia, o campeão do desrespeito é o setor público, seguido das maquiladoras mexicanas. “Temos avançado na democracia política, porém a estrutura social não tem sido alterada. É indispensável que a tributação seja vista sob a ótica do estado forte, que garanta direitos básicos e não sob o estado mínimo, este o primeiro a desrespeitar a lei”, avalia Eduardo Calderón, da OIT.
Dogma
No último ano do real anabolizado, a balança comercial do país fechou 1998 com déficit de US$ 6 bilhões, fruto de importações de cerca de US$ 57 bilhões e exportações de US$ 51 bilhões. Em 2002, com a desvalorização da moeda, as exportações subiram para US$ 60 bilhões e as importações recuaram US$ 47 bilhões, gerando superávit de US$ 13 bilhões. Esses números dão o que pensar sobre o significado de um banco central “independente” com diretores “imexíveis”. Tivesse o país herdado um Gustavo Franco com mandato fixo, a crise cambial do ano passado pareceria um piquenique.
Para todos
“O novo modelo do Banco Central não pode servir apenas como instrumento de política monetária, mas deve também voltar-se para a defesa dos interesses da população.” O alerta é do presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Sérgio Belsito. Em artigo na última edição da revista da entidade, lançada esta semana, Belsito revela que o Sinal encaminhou propostas ao presidente do BC, Henrique Meirelles, com o objetivo de aprofundar o debate sobre o modelo mais adequado para o país, para que, da nova regulamentação do sistema financeiro, resulte um BC que atenda a toda sociedade e não apenas “ao grande capital”.
Passado
Paulo Nogueira Batista Jr. criticou o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, que hoje defende mandato fixo para a diretoria do Banco Central: “Quando era ministro da ditadura ele acabou com o mandato fixo que existia no Banco Central.” Apesar da crítica, Nogueira considera Delfim “hoje um progressista, perto dos economistas neoliberais”. Nogueira, radicalmente contrário a qualquer acordo para criação da Alca ou Mercosul-UE, “mesmo equilibrado”, destacou também que a retumbante vitória do partido de Bush (Republicano) nas últimas eleições para o Legislativo norte-americano é fruto de medidas protecionistas “calibradas” para agradar determinados setores. “O protecionismo nos EUA é um sucesso político”, ironizou.
Fome de mídia
A polêmica sobre o valor do cachê que a modelo Gisele Bündchen teria doado ao Fome Zero – as estimativas variaram de R$ 100 mil a US$ 150 mil – deixaram uma dúvida no distinto público: afinal tratou-se de caridade ou performance? Se a modelo e o governo não optaram pelo anonimato, o que seria um direito mais que legítimo, principalmente dela, por que se anunciou uma doação cujo valor não pode ser revelado?
Dogma II
Apesar de todo contorcionismo verbal e da habilidade política a que recorreu, o governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, deixou claro, em entrevista ao programa Roda Viva, segunda-feira à noite, ser favorável à “flexibilização” da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Por enquanto, Aécio pede a mudança do índice usado para corrigir as dívidas dos estados – o IGP-DI. Como este incide sobre um estoque inflado pelos pornográficos juros praticados pelo tucanato, Aécio, em breve, juntamente com os outros ex-governistas, terá de, implícita ou escancaradamente, renegar a defesa entusiasmada da LRF que fez quando presidia a Câmara de Deputados.