O Brasil registrou 1.104 pedidos de recuperação judicial no primeiro semestre de 2024, um aumento de 71% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Serasa Experian. As incertezas econômicas têm sido forte alicerce para o número crescente de empresas recorrerem às recuperações judiciais, sendo que as micro e pequenas empresas ocupam a liderança nesse ranking com 713 pedidos, seguidas pelas empresas de médio e grandes portes.
Outro levantamento da Serasa mostra o cenário dos pedidos de recuperação judicial realizados por proprietários rurais que atuam como pessoa física no país. De acordo com os dados, no primeiro trimestre de 2024, foram feitas 106 requisições. Quadro que revela aumento na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Para o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, ainda estamos muito longe de uma crise setorial, apesar do aumento. “O número de pedidos é baixo e a maior parte dos proprietários rurais continuam atuando normalmente. Ainda assim, para os que precisam recuperar a estabilidade financeira, a renegociação de dívidas ou soluções como o Fiagro Reorg são formas mais amigáveis de retomar a saúde dos negócios. Além disso, movimentos preventivos como o planejamento financeiro para demandantes e o monitoramento de perfil de crédito para credores podem premeditar e evitar a busca pelo recurso”.
Dados do Agro Score da Serasa Experian, solução que entrega análises específicas para o setor e prevê o risco de inadimplência dos proprietários rurais, comprovam que o uso de modelos preditivos pode identificar perfis propensos à recuperação judicial. Dessa forma, ao aplicar esse tipo de tecnologia, os credores são capazes de tomar decisões mais seguras, evitando, indiretamente, o número de requisições do recurso que, segundo o head de agronegócio da Serasa Experian, deve ser utilizado apenas como última opção.
Essa identificação acontece porque o monitoramento de dados do Agro Score pode registrar, com vários meses de antecedência, os perfis de proprietários rurais que já mostravam sinais de instabilidade financeira. Ou seja, é uma análise que mitiga riscos da concessão de crédito.
Segundo o levantamento, o Agro Score médio da população rural PF era significativamente maior do que o dos que solicitaram recuperação judicial mesmo três anos antes do pedido. Além disso, também se pode observar como a curvatura de pontuação do modelo preditivo segue caindo mesmo antes da solicitação.
Ainda no primeiro trimestre de 2024 foi no Centro-Oeste o maior acumulado de recuperações judiciais. Isso porque o Estado do Mato Grosso, que liderou o ranking, registrou 53 pedidos. Além disso, em Goiás, foram 16 solicitações.
De acordo com os dados inéditos da Serasa Experian, os proprietários rurais de pequeno porte foram os que menos precisaram de recuperação judicial no primeiro trimestre deste ano. Para eles, o total foi de apenas 21 solicitações. Por outro lado, aqueles que não possuem propriedades no campo – considerados arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor – registraram a maior quantidade, de 39 requisições. Em 2023, também nos três primeiros meses do ano, esse comportamento se repetia: pequenos proprietários demandaram menos, enquanto os sem propriedade, mais. Outro destaque foi a parcela de médio porte, que saiu de zero solicitações para 22 no comparativo por trimestre.
Por outro lado, de acordo com o Monitor RGF de Recuperação Judicial no Brasil, no segundo trimestre deste ano, a proporção de processos de recuperação judicial em relação ao total de organizações ativas no país caiu de 1,87 para 1,84 empresas a cada mil. Isso ocorreu apesar de um aumento de 0,5% no número total de negócios em processo de reestruturação, que subiu de 4.203 para 4.223, representando um acréscimo de 20 novas companhias. Ao mesmo tempo, o total de empresas registradas no Brasil cresceu em aproximadamente 37 mil, passando de 2,25 milhões para 2,29 milhões.
Segundo o levantamento, embora a quantidade absoluta de empresas em recuperação judicial continue subindo, o ritmo desse aumento tem mostrado sinais de desaceleração. Durante o segundo trimestre de 2024, 141 instituições entraram com pedido de reestruturação, enquanto 121 concluíram o processo. Essa diferença líquida de 20 organizações representa o menor aumento registrado desde o início do monitoramento, no segundo trimestre de 2023.
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