Primeiros passos

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Em cada pleito local, grupos de interesses (legítimos) se digladiam em torno do controle sobre o fundo público representado pelos ativos, receitas e gastos das 5.570 prefeituras brasileiras. O capital imobiliário se interessa pelo Código Tributário e pelo Plano Diretor; as concessionárias de serviços (água, iluminação pública) buscam contratos; as construtoras, detalhes do orçamento de investimentos; as consultorias tributárias, programas de modernização fazendária; e os servidores buscam planos de carreira. E o cidadão comum, que paga caros impostos, luta por serviços de qualidade.

Em 2020, por causa da pandemia de Covid-19, esta disputa vem se revelando a campanha eleitoral mais curta desde a redemocratização. E a mais morna também. Nunca os candidatos a prefeito e vereança tiveram tão pouco tempo para se tornarem conhecidos do eleitor. Obviamente, isso é um problema muito maior para quem está na oposição do que para quem já se elegeu uma ou mais vezes para o cargo. E as desvantagens para os desafiantes não param por aí. Sob alegação de risco de contágio, muitos debates na tevê foram cancelados, diminuindo as chances de quem está atrás nas pesquisas atropelar os favoritos na reta final da campanha.

As pesquisas mostram também que, além de mais curta, a atual eleição municipal não empolga muito. Mais da metade dos eleitores, por exemplo, não conseguem citar nenhum candidato espontaneamente ou, mais grave, dizem que anularão ou votarão em branco. Faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno, era de se esperar que apenas um terço do eleitorado estivesse tão alienado em relação aos candidatos.

No interior, nos municípios onde não há segundo turno, outra novidade ajuda os atuais mandatários: a multiplicação das candidaturas. Neste pleito de 2020 há 2.600 candidatos a prefeito a mais do que houve em 2016. O recorde absoluto é consequência da proibição das coligações nas eleições proporcionais: partidos fracos que antes se coligavam a partidos fortes para tentar eleger um ou outro vereador perderam sua carona. Por isso, mais siglas se viram forçadas a lançar um candidato a prefeito a fim de chamar atenção para o número da legenda e “puxar” votos para os candidatos à Câmara Municipal.

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Será que na reta final, a empolgação chegará? Vamos conferir!

Ranulfo Vidigal

Economista.

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