Na passagem de setembro para outubro, a produção industrial do país variou 0,1%, mantendo o comportamento de pouco dinamismo observado nos últimos meses, ainda mais explicitado pelos acumulados no ano e nos últimos 12 meses, ambos apresentando variação nula (0,0%).
Frente a outubro de 2022, o setor industrial assinalou avanço de 1,2% Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo IBGE.
Também observou-se, na comparação mensal, um perfil disseminado de taxas negativas entre as grandes categorias econômicas, com 3 dos 4 grandes segmentos em queda na produção.
“Entre as atividades industriais, produtos alimentícios, com o avanço de 1,6%, exerce o principal impacto positivo e acumula saldo de 3,0% desde julho último. Por outro lado, os ramos de derivados do petróleo e biocombustíveis e indústrias extrativas exercem as principais influências negativas na média do setor industrial, com os dois setores voltando a recuar, após avançarem no mês anterior”, analisa o gerente da pesquisa, André Macedo.
Ele destaca ainda que, mesmo com o ligeiro saldo positivo verificado nos três últimos meses, o setor industrial ainda se encontra 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do ponto mais elevado da série histórica, alcançado em maio de 2011.
Produção industrial mostra que emprego ajuda setor
O Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) analisa que os bens não duráveis podem continuar a sofrer menos impacto, “já que a demanda doméstica tem algum apoio graças à resiliência do mercado de trabalho, conforme demonstrado pelos dados do mercado de trabalho divulgados ontem [30], com a população empregada e a massa salarial real (poder de compra da população) atingindo o nível mais alto desde 2012”.
“Por outro lado, os bens duráveis e de capital ainda podem sofrer com a política monetária restritiva e com a seletividade do crédito, devido da alta inadimplência e do alto endividamento das famílias/empresas. Além disso, o ambiente externo desafiador com a desaceleração econômica global em meio à alta taxa de juros nas economias avançadas e menor crescimento chinês continuarão a afetar as exportações”, explica o MUFG.
“Nesse cenário, mantemos nossa opinião de que o setor industrial pode continuar apresentando um desempenho mais fraco em comparação com os setores de serviços e agrícola’, conclui a instituição financeira.
Das 25 atividades investigadas na pesquisa, 14 apresentaram crescimento na produção. Além de produtos alimentícios, que avançou 1,6% e foi a principal influência positiva, outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,7%) e de máquinas e equipamentos (2,4%), entre outros.
Por outro lado, entre as 11 atividades em queda, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%) e indústrias extrativas (-1,1%) exerceram os principais impactos em outubro de 2023, com a primeira interrompendo três meses consecutivos de crescimento na produção, e a segunda eliminando parte do avanço de 5,9% assinalado no mês anterior.
Única taxa positiva
Entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com setembro, bens intermediários (0,9%) foi a única taxa positiva em outubro, após também avançar no mês anterior (0,6%), quando interrompeu quatro meses consecutivos de recuo na produção, período em que acumulou perda de 1,2%.
Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo duráveis (-2,4%) teve a queda mais intensa nesse mês e marcou o segundo mês seguido de recuo na produção, acumulando nesse período redução de 6,7%.
Os segmentos de bens de capital (-1,1%) e de bens de consumo semi e não duráveis (-0,3%) também mostraram resultados negativos em outubro de 2023, com ambos apontando a segunda taxa negativa consecutiva e acumulando nesse período perdas de 3,2% e 2,1%, respectivamente.
Na comparação com outubro de 2022, houve resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 12 dos 25 ramos, 36 dos 80 grupos e 46,5% dos 789 produtos pesquisados. Entre as atividades, as principais influências positivas no total da indústria foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (10,8%) e produtos alimentícios (4,3%).
“Esse resultado marcou o terceiro mês seguido de crescimento na produção, após recuar 1,2% em julho último, quando interrompeu dois meses consecutivos de resultados positivos nesse tipo de comparação. Contudo, no índice desse mês, permanece a característica de perfil disseminado de taxas negativas, alcançando 13 dos 25 ramos industriais pesquisados. Dessa forma, observa-se pelo 14º mês seguido um número maior de atividades no campo negativo para esse tipo de comparação”, destaca André.