Selic pode iniciar um novo ciclo de queda

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O economista e professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV) Mauro Rochlin acredita que, após um longo período de estabilidade, a taxa Selic pode iniciar um novo ciclo de queda, após 16 meses estacionada em 6,5%. Para ele, a aprovação da reforma da Previdência cria condições para um novo movimento da política monetária em direção à queda dos juros.

"O primeiro fator para a redução da Selic é a forte ancoragem das expectativas inflacionárias. O relatório Focus desta semana indica que o mercado espera inflação abaixo da meta nos próximos três anos. No ano, o IPCA exibe taxa de 2,4%, e o acumulado de doze meses não passa de 3,3%. O mercado estima que os números sejam declinantes em horizonte de tempo relevante da política monetária", afirma Mauro Rochlin.

Ele observa ainda que a queda da taxa de juros norte-americana pode gerar menor atratividade dos títulos norte-americanos e impulsionar a compra de títulos brasileiros, e isso, por sua vez, incentivaria a venda de dólares no Brasil.

"Na sequência, com a queda do dólar, haveria uma redução no custo dos produtos importados, o que, ocorrendo, ajudaria a segurar a inflação. Assim, a queda da taxa de juros norte-americana seria o segundo fator", indica o economista.

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Mauro Rochlin sugere também que uma demanda enfraquecida e com pouca capacidade de reação seria o terceiro fator para a queda da taxa Selic. De acordo com o professor da FGV, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre mostrou que o consumo das famílias, principal componente da demanda agregada (60% do total), permanece deprimido.

"Alta taxa de desemprego, de um lado, e elevado nível de endividamento das famílias, de outro, limitam uma retomada mais rápida do consumo. Com renda e crédito estagnados, diminuem as chances de uma pressão inflacionária mais severa", explica o professor da FGV.

Comportamento dos chamados "preços estratégicos" – Mauro Rochlin observa que os alimentos, energia e combustíveis, itens que representam pesos consideráveis nos indicadores de preços, têm apresentado bom desempenho. "A oferta desses produtos tem se mantido estável, sem previsão de alteração relevante", sugere.

Por fim, o professor da FGV sustenta que a recente valorização cambial também serviria de motivo para a queda dos juros. "Como a alta do real barateia o custo de importação, e como isso tende a desfazer pressões inflacionárias, supõe-se que a queda do dólar também favoreça a queda da taxa Selic", indica Mauro Rochlin.

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