Profissional de nível superior tem 23% mais chance de trabalhar remoto

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou ontem estudo que faz um retrato do trabalho remoto no país e em cada unidade federativa e inclui dados mensais sobre gênero, raça/cor, escolaridade, idade, setor de atividade, além do percentual da massa de rendimentos por atividade econômica para o Brasil e em cada um dos estados brasileiros, no período de maio a novembro de 2020, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19. De acordo com os pesquisadores, os profissionais com nível superior completo possuem 23% a mais de chance de estarem em trabalho remoto do que as pessoas com escolaridade de nível fundamental incompleto.

A análise mostrou que, de maio a novembro de 2020, 7,3 milhões de pessoas trabalharam de forma remota no Brasil, o que equivale a 9,2% da população ocupada e não afastada, sendo responsável por 17,4% da massa de rendimentos gerada via trabalho. O perfil médio dos trabalhadores remotos na pandemia em novembro de 2020 era o seguinte: 57,8% eram mulheres, 65,3% eram brancos, 76% possuíam escolaridade de nível superior completo, 31,9% estavam na faixa de 30 a 39 anos e 61,1% estavam empregados no setor privado. No mapeamento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que ser mulher aumenta as chances de trabalhar de forma remota em 1,5% em relação aos homens. Na análise por raça/cor, ser branco eleva as chances de trabalho remoto em 2,3% em relação a negros. Trabalhar no serviço público aumenta as chances de estar em trabalho remoto em 14% na comparação com as pessoas empregadas na atividade agrícola. Residentes do Sudeste possuem 5,6% mais de chance de estar em teletrabalho que os moradores do Norte do país. Quem possui vínculo informal tem 0,8% menos chances de trabalhar à distância do que os que exercem o ofício formalmente.

Outra constatação relevante que inclui fatores individuais, laborais e regionais indica que mulheres, brancas, com escolaridade de nível superior completo, trabalhando no setor público, com vínculo formal e no Sudeste possuem 47,2% a mais de chance de estarem em trabalho remoto do que homens, negros, com escolaridade de nível fundamental incompleto, trabalhando na agricultura, com vínculo informal e residentes no Norte do país.

Dado inédito apresentado no estudo trata ainda da massa de rendimentos por atividade econômica em cada UF: o Distrito Federal, por exemplo, apresentou o maior percentual (20%) de pessoas ocupadas a partir de casa, que foram responsáveis por 32,7% da massa de rendimentos total efetivamente recebida pelas pessoas ocupadas no DF. Ao passo que no Pará, que tem o menor percentual de população ocupada trabalhando remotamente (3,1%), essas pessoas foram responsáveis por 6,9% da massa de rendimentos total efetivamente recebida pelas pessoas ocupadas no estado. Isso evidencia a disparidade no trabalho remoto entre os estados brasileiros.

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Em novembro de 2020, a população ocupada e não afastada era de 80,2 milhões de pessoas no Brasil, sendo que 7,3 milhões, ou seja, 9,2% trabalharam remotamente.

Já pesquisa realizada pela Dimep avaliou a situação da volta ao trabalho presencial com o avanço da vacinação no Brasil. O levantamento contou com a participação de representantes de mais de 200 empresas de diferentes setores e apontou que 62,1% das empresas pretendem retomar o trabalho presencial, enquanto 30,1% das companhias adotarão um regime híbrido, com parte dos funcionários trabalhando remotamente e outra parte, presencial.

O trabalho remoto com idas ao escritório apenas em situações muito específicas deve ser adotado por 4,4% das empresas. Apenas 2,4% das instituições afirmaram que irão abandonar de vez os escritórios e manter todos os funcionários em casa. 0,5% das companhias que participaram do estudo responderam que somente cargos de liderança devem voltar ao trabalho presencial.

A pesquisa também avaliou em que momento as empresas devem retomar o trabalho presencial. 36,3% das instituições afirmaram que a volta ao escritório deve ocorrer apenas após a vacinação completa de todos os colaboradores. Outras 34,2% indicaram que irão retomar o modelo de presencial, mesmo que boa parte dos funcionários não esteja imunizada. Os números não apenas evidenciam a determinação das companhias pela volta aos escritórios, mas reforçam a importância dos funcionários se imunizarem, uma vez que o estudo também revelou que 35,1% das instituições pretendem exigir o comprovante de vacinação. O levantamento também alerta para o modo como as instituições lidarão com dados de seus funcionários, uma vez que a Lei Geral de Proteção de Dados classifica informações referentes à saúde como dados sensíveis, e seu compartilhamento ou vazamento é ilegal.

Em relação ao incentivo das empresas para que os funcionários se imunizem, 95,6% das instituições afirmaram que liberaram seus colaboradores para se vacinar durante o horário de trabalho, na data indicada pelas prefeituras municipais. 4,4% não permitiram.

O estudo ainda revelou a quantidade de empresas que realizaram a vacinação contra Covid-19 internamente: 93% afirmaram que não adotaram esse procedimento, mas 7% responderam que disponibilizaram vacinas para seus empregados.

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