O crédito deverá crescer 8,5% em 2025, com a carteira de recursos livres tendo expansão de 8,1% e a carteira direcionada de 9%, revela a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos. O resultado do levantamento, feito com 21 bancos entre os dias 5 e 10 de fevereiro, mantém a tendência de acomodação das expectativas do ritmo de crescimento em relação à expansão da carteira de crédito de 2024, que se elevou em 10,9% segundo o Banco Central. Em dezembro, a expectativa era um crescimento de 9% do crédito em 2025.
A revisão para baixo das expectativas do setor foi generalizada, espelhando as perspectivas para o cenário econômico ao longo do ano. Na carteira com recursos livres, a projeção saiu de uma alta de 8,3% para 8,1%, refletindo a maior cautela das instituições financeiras no mercado de crédito. Para a carteira de crédito direcionado, a expansão esperada atingiu 9%, com queda de 0,7 pp da pesquisa anterior. Essa reavaliação foi puxada pelo crédito direcionado destinado às famílias, que saiu de uma alta de 9,8% para 8,9%. Na carteira PJ (crédito direcionado), a revisão foi marginal, de 9,1% para 9%.
No geral, para as empresas, a projeção ficou em 7,1%, ante a uma expectativa anterior que era de crescimento de 7,8%, enquanto, para as famílias, a expansão esperada passou de um crescimento de 9,1% para 8,6%.
A pesquisa da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
“Essa revisão já era esperada e já vinha se desenhando desde o último trimestre de 2024. O resultado reflete a piora do cenário econômico, com expectativa de uma inflação maior, e consequentemente, juros mais altos também ao longo do ano. Os números evoluem de acordo com a dinâmica econômica e o desempenho efetivo do crédito dependerá do cenário fiscal e de outras variáveis relevantes, que poderão alterar a perspectiva atual”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
A pesquisa também coletou as primeiras projeções para a expansão do crédito em 2026. A média das projeções indica que o movimento de desaceleração do crédito deve continuar, com expansão esperada de 7,7% no ano que vem.
Tal desaceleração deve ser liderada pelo crédito com recursos livres, cuja projeção ficou em 7,1% (ante alta de 8,1% esperada para este ano). Já as linhas direcionadas devem registrar desaceleração mais suave, com alta de 8,6% (ante 9% projetado para este ano). Por fim, a expectativa para a inadimplência com recursos livres é de estabilidade em 4,6%.
Houve ligeira melhora na projeção para a taxa de inadimplência da carteira Livre, que passou de 4,7% para 4,6%, ainda que acima do observado no fim de 2024 (4,1%). Esse resultado pode ser explicado pela maior cautela na concessão de crédito, que poderá reduzir a expansão da inadimplência ao longo do ano.
A pesquisa mostra que a grande maioria dos entrevistados (76,2%) esperam que a taxa Selic suba além de 14,25% aa neste ano e que não haja o início do ciclo de cortes em 2025. Como comparação, na pesquisa de dezembro passado, apenas 47,4% haviam escolhido esta opção, ilustrando visão menos positiva do cenário desde então.
Segundo a entidade, neste contexto, a expectativa para os juros voltou a se elevar ante a pesquisa anterior. Agora, a mediana para a Selic prevê alta até 15,25% ao ano em junho de 2025, permanecendo neste patamar ao menos até setembro.
A expectativa para a taxa de câmbio é de ligeira depreciação ao longo do ano, atingindo R$/US$ 5,95 até setembro. Na pesquisa anterior, os entrevistados enxergavam que o câmbio ficaria próximo do nível de R$ 6.
Quanto à inflação, pouco menos da metade (47,6%) entende que a inflação deve ficar próxima a 5,5% (atual consenso do mercado). Entretanto, um terço dos analistas consultados já esperam uma inflação próxima (ou acima) de 6% neste ano.
Com relação à atividade, pouco mais da metade (52,4%) dos participantes seguem projetando alta do PIB em torno de 2% em 2025, próximo ao captado na pesquisa anterior (50%). No entanto, o viés é de baixa, com um aumento na parcela dos que preveem uma desaceleração maior, que passou de 27,8% na pesquisa anterior para 33,3% na atual.
Nos EUA, a grande maioria dos entrevistados (71,4%) esperam reduções modestas (1 ou 2 cortes de 0,25 pp) dos juros neste ano. O restante (28,6%) espera que os juros permaneçam no patamar atual, não descartando alta dos Fed Funds em 2025.
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