O quadro externo de vacinação crescente em países desenvolvidos e as projeções de PIB liberadas pelo FMI anteontem incorporaram maior otimismo aos investidores que passaram a tomar mais risco nos mercados. As locomotivas dessa recuperação são os EUA e a China e isso atinge positivamente o mundo, especialmente países emergentes que são grandes exportadores de produtos primários. Basta ver as exportações de proteínas do Brasil em março, basicamente para a China. Mas ainda persiste grande incerteza em função das novas variantes da Covid-19 que exigem vacinação do maior número possível de pessoas e com rapidez. O Brasil é, neste momento, o centro das atenções da pandemia, mas vem crescendo vacinação. O lado bom de tudo isso é a mobilização internacional de ajuda aos países pobres, emergentes e a extensão das políticas monetárias e manutenção de juros baixos.
Nesse aspecto, destacamos o empenho do FMI e do G-20. O FMI tentando aprovar US$ 650 bilhões em SDR (saques especiais) e o G-20 aliviando dividas de países e suspendendo saques contra o FMI. Citamos ainda a tranquilidade com que o Fed está encarando a inflação americana e os juros em alta, reiterando que é temporária e transitória. Além disso, James Bullard, do Fed de St. Louis, falou ontem em boom no PIB americano de 6,5% em 2021.
Ainda nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior cresceram 16 mil posições para 744 mil, quando o previsto era que ficasse em 684 mil pedidos. Jerome Powell, do Fed, sinaliza que existem 8,5 milhões de desempregados nos EUA que terão dificuldades em serem reposicionados e o FMI fala que um em cada 10 empregos será extinto.
A quinta-feira foi também dia de divulgação da ata do Banco Central Europeu (BCE) garantindo manutenção da política acomodatícia pelo tempo que for necessário e não enxergam superaquecimento da economia. Também falam em alta dos juros do bônus de forma temporária e alertaram que podem mudar o ritmo de compras de Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP).
No mercado internacional, faltando cerca de uma hora para encerramento, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava queda de 0,47%, com o barril cotado a US$ 59,49. O euro era transacionado em alta para US$ 1,192 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,64%, induzindo maior fraqueza do dólar. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com viés positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado em Qingdao na China observou contração de 0,31%, com a tonelada em US$ 173,10.
No segmento local, ainda repercute o jantar de Bolsonaro com empresários, com palmas abertas por duas vezes, sem críticas e palestra de Paulo Guedes reafirmando que não haverá alta de impostos, reverberando os problemas no orçamento e relações positivas com o Congresso e torcendo para que a desaceleração do PIB seja menos intensa com essa segunda onda de Covid-19. Citou ainda destravamento dos setores de saneamento e gás.
No mercado, a quinta-feira foi dia de dólar em boa queda também por aqui e quase no fechamento com -1,36 e cotado a R$ 5,57. Na Bovespa, na sessão do dia 6, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 198,1 milhões, deixando o saldo negativo de abril em R$ 214,5 milhões, mas 2021 com ingressos líquidos de R$ 11,94 bilhões. No mercado acionário, a Bolsa de Londres registrou alta de 0,83%, Paris com +0,57% e Frankfurt com +0,17%. Madri com alta de 0,47% e Milão com queda de 0,665. No mercado americano, faltando ainda cerca de meia hora para encerramento, o Dow Jones tinha +0,13% e Nasdaq com +0,92%. Na Bovespa, nas mesmas condições +0,61% e índice em 118.340 pontos, cerca de 500 pontos abaixo da máxima do dia.
Ontem a Bovespa conseguiu firmar alta na parte da tarde acima dos 118 mil pontos do Ibovespa, encerrando em alta de 0,59% e índice em 118.313 pontos, como vínhamos informando ser possível atingir. Agora, abrimos objetivo em 120 mil pontos. Dólar encerrou com boa queda de 1,23% e cotado a R$ 5,57, seguindo comportamento fraco do dólar no exterior, por conta da retração nos juros.
Hoje mercados da Ásia encerraram o dia majoritariamente com quedas, mas Tóquio valorizou 0,20%. Europa operando no início do dia com quedas, mas já passando para o campo positivo. Os mercados futuros americanos com comportamento misto nesse início de manhã. Aqui, precisamos firmar passagem pelos 118 mil pontos para forçar a recuperação até a faixa de 120 mil pontos.
Na China, durante a madrugada, foi anunciada a inflação de março pelo CPI anual de 0,4%, quando o previsto era +0,3%. Já o PPI (atacado) observou alta anual de 4,4%, com a inflação de março subindo para 1,6%. Na Alemanha, a produção industrial de fevereiro encolheu 1,6%, de previsão de ficar em 1,1%. O superávit da balança comercial de fevereiro foi de 19,1 bilhões de euros, fruto de exportações maiores em 0,9% e importações de +3,6%.
O BCE indica que o comportamento do PIB no primeiro trimestre foi pior que o previsto, mas espera o segundo semestre de forte recuperação da região. Temos agora uma crise entre a Itália e a Turquia, por conta do primeiro-ministro Mario Draghi ter chamado Recep Erdogan de ditador. O embaixador turco foi chamado ao país.
Nos EUA, seguem as discussões sobre o pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, que Joe Biden quer bipartidário e aceita sugestões sobre elevação da carga tributária. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostra agora alta de 0,3%, com o barril cotado a US$ 59,62. O euro era transacionado em alta para US$ 1,189 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,635%. O ouro e a prata com novas quedas na Comex e commodities agrícolas com viés positivo na Bolsa de Chicago.
Aqui, o relator do Orçamento de 2021, Marcio Bittar, se defende dizendo que as emendas colocadas no orçamento foram acertadas com o Executivo, e que Bolsonaro avaliou tirar o Bolsa Família do teto de gastos. Aliás, o presidente tem gerado expectativa de que pode vetar trechos do orçamento e isso tem provocado ruídos nas lideranças do Congresso. Já o secretário do Tesouro disse que o melhor seria vetar parte do orçamento para acabar com ruídos, e que da forma que está é inexequível.
O dia contempla a divulgação do IPCA de março, com a inflação oficial em 12 meses superando a meta de inflação. Sai também a primeira prévia do IGP-M de abril e nos EUA o PPI de março, estoques no atacado e relatório da USDA de oferta e demanda agrícola.
Expectativa é de que a Bovespa possa seguir em alta com maior volume de risco dos investidores, dólar e juros fracos, apesar das quedas recentes.
Bom dia e bons negócios!
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Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais
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