Proposta do governo é armadilha para caminhoneiros

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Greve de caminhoneiros em 2018 (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Greve de caminhoneiros em 2018 (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A proposta feita pelo Ministério da Infraestrutura para tentar esvaziar a paralisação dos caminhoneiros, prevista para o próximo dia 1º, é insuficiente e esconde uma armadilha, analisa Cláudio da Costa Oliveira, economista da Petrobras aposentado.

A paralisação é mais uma ameaça ao programa de vacinação contra a Covid-19. Boa parte do transporte das vacinas é feito por caminhões.

O preço do litro do diesel seria de R$ 2,75 mais impostos, o que resultaria em R$ 3,87 na bomba. Porém, Oliveira lembra que o barril do petróleo WTI, no início de 2020, estava cotado a US$ 61. Terminou o ano em US$ 48. No Brasil, o câmbio real/dólar chegou perto de R$ 6 e terminou 2020 em torno de R$ 5.

“Estas oscilações ocorrem sem que tenhamos qualquer controle sobre elas. Se o preço do WTI voltar ao mesmo patamar do início de 2020, o PPI [preço de paridade de importação] seria acrescido de 27%. Se simultaneamente o câmbio voltar ao patamar de R$ 6, o PPI seria acrescido de 20%. As duas oscilações provocariam um acréscimo no PPI de 52,4%”, calcula o economista.

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O impacto no preço do diesel seria uma aumento de 8% na bomba, para R$ 4,19 por litro, mesmo com o benefício concedido. “Os caminhoneiros cairiam no mesmo engodo de 2018. A proposta seria aceitável se o preço base de R$ 2,75 passasse a ser corrigido semestralmente com base na evolução do custo de extração de petróleo (CE) da Petrobras em reais”, afirma Oliveira.

Os únicos beneficiados com o PPI, segundo o economista aposentado da Petrobras, são os negociantes internacionais, importadores e refinarias no exterior, que entram no Brasil tomando mercado da estatal brasileira.

“Mas o presidente Jair Bolsonaro tem total conhecimento deste problema, e durante a campanha eleitoral em 2018 enviou diversos vídeos aos caminhoneiros mostrando a aberração que é o PPI, exigindo sua extinção”, alfineta Oliveira.

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