A conquista da medalha de prata em competições em que o favoritismo apontava o ouro como favas contadas criou a ilusão de que, pelo resultado da batalha final, o segundo lugar é menos honroso do que o terceiro, visto que, neste caso, a medalha de bronze é fruto da vitória final. Raciocínio análogo está sendo desenvolvido pelo candidato do PPB à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf. Classificado por apenas 7 mil votos diferença para o segundo turno, Maluf comemora seu segundo lugar como um bronze, que ocultaria a perda do ouro, até agora, para a primeira colocada, Marta Suplicy (PT). Apesar da retórica, não deixa de revelar uma vocação crônica para vice.
Interior
Para quem esperava eleger de 41 (na hipótese pessimista) a 61 prefeitos (nas contas otimistas), os pouco mais de 30 eleitos antenados com Garotinho foram uma surpresa desagradável para o governador do Rio. Pior é que se concentram no interior ou em cidades de menor importância – e menor eleitorado. No Grande Rio, que representa mais de 60% do número de eleitores do estado, Garotinho tem pouco o que comemorar. Perdeu para arqui-inimigos em Caxias e Nova Iguaçu. Dificilmente – e bota difícil nisso – conseguirá reverter o quadro de Niterói, onde Jorge Roberto Silveira só não foi eleito no primeiro turno por meio ponto percentual e deve voltar a derrotar Zveiter, em quem Garotinho investiu. Em São Gonçalo o candidato a reeleição apoiado pelo governador ficou em primeiro lugar, mas terá que disputar o segundo turno com um Dr. Charles que está nos seus calcanhares. Sobra a capital, onde a eleição de César Maia seria um desastre, mas a vitória de Conde não representaria uma vitória – afinal, o PFL tem planos próprios e Garotinho, que busca passar um perfil de centro-esquerda, não conseguiria manter essa imagem se virasse pefelista.
Fria II, o retorno
Há dois meses publicamos uma nota sobre as desventuras de um amigo desta coluna, enganado por uma administradora de imóveis. A empresa acabou pagando parte do que devia e, pouco depois, nosso leitor rescindiu o contrato e contratou uma outra para administrar o imóvel, que na verdade pertence a sua filha. Pois bem, quando a nova administradora foi verificar as contas da administradora antiga (que tem escritório na Rua Visconde de Pirajá), constatou que esta simplesmente embolsou, durante cinco meses, as quantias que recebera do inquilino para pagar as quotas vincendas do IPTU (um prejuízo de R$ 456,61), assim como o valor correspondente às despesas de condomínio de um mês (mais R$ 520,90). Desfalque total: R$ 977,51. Com uma administradora assim, o prejuízo é certo, por melhor que seja o imóvel.
Segurança
O contínuo de um grande veículo acaba de se juntar ao exército de desempregados do país. Ele foi demitido por justa causa por desviar dinheiro da conta do editor para sua própria conta, via Internet. A fraude foi descoberta pelo próprio gerente do banco, depois que o contínuo aumentou o valor das retiradas, chegando a desviar numa única tacada R$ 1 mil. Detentor de polpudo salário, o editor, até então, não dera conta dos desfalques.
Ordens
Da lonjura da Alemanha, o presidente FH afirmou, em resposta a críticas do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, que “ninguém recomenda nada ao presidente”. E ainda tinha gente que achava que o FMI fosse mais polido.
Peladão
Tensionado com as pressões do sobe e desce do mercado, um executivo financeiro resolveu fazer análise. Por indicação de um amigo procurou um terapeuta reichiano. Na primeira sessão, tomou um susto. O terapeuta aconselhou-o a fazer análise nu em pêlo, sob o argumento de que a observação do corpo do analisado permite checar melhor contradições do seu discurso. Um tremedeira no joelho, por exemplo, poderia desmontar qualquer tratado sobre auto-suficiência.
Camarões
O Congresso Nacional terá duas CPIs para investigar o futebol brasileiro. Ontem, o presidente da Câmara, Michel Temer, instalou a CPI da Nike, que vai investigar exclusivamente o contrato de patrocínio que a multinacional de artigos esportivos mantém com a CBF. Uma outra CPI, mais ampla, vai funcionar no Senado, onde será investigado todo o futebol brasileiro, as relações dos clubes com patrocinadores, a contratação de jogadores, a arrecadação de impostos, a receita com jogos, entre outros temas.