Esta coluna recebeu a seguinte carta da In Press – Assessoria de Comunicação do Grupo Pão de Açúcar:
“Com relação à nota publicada na coluna FATOS E COMENTÁRIOS do dia 7 último, o Grupo Pão de Açúcar gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos:
O helicóptero Augusta 109E Power pertence à empresa Paic, holding controladora do Grupo Pão de Açúcar, de propriedade da família Diniz. Trata-se de uma empresa de capital fechado, da qual o piloto Ronaldo Ribeiro era funcionário. É infundada, portanto, a suposição do jornal de que os gastos com o helicóptero seriam do Grupo Pão de Açúcar.”
Só para esclarecer
Paic, a holding, detém 60,39% das ações ordinárias e 16,17% das preferenciais da Companhia Brasileira de Distribuição (nome oficial da Pão de Açúcar companhia aberta). Paic é uma sigla: de Pão de Açúcar S/A Indústria e Comércio.
Crise de identidade
Para o esclarecimento ser mais eficaz, a carta deveria ser dirigida ao próprio Grupo Pão de Açúcar. Pouco após o acidente, nota oficial divulgada e assinada pelo grupo, em 1º de agosto, fala entre, outras coisas, em “nossos pilotos” e “a empresa adota como política”, além de descrever as características da aeronave Augusta 109E Power.
Frota
Um professor da Faculdade de Ciências Contábeis da UFRJ e auditor de empresas ouvido por esta coluna esclarece que todo gasto não relacionado à atividade de uma companhia deve, em tese, ser lançado como despesa indedutível, sendo somada na hora de cálculo do lucro real – e do imposto a pagar. Além disso, no caso de benefício oferecido a diretor estatutário, deve ser recolhido o percentual do INSS relativo à parte da empresa e o Imposto de Renda na fonte referente ao salário indireto.
Esta coluna não questiona o caso específico da Pão de Açúcar S/A Indústria e Comércio – que provavelmente está seguindo as obrigações tributárias – mas sim as relações das empresas com todos os jatinhos e helicópteros que cruzam os ares nos finais de semana em direção a Maresias, Búzios, Angra dos Reis, Petrópolis etc. etc. Com a palavra – ainda – a Receita Federal.
Ética
Com a língua afiada como de costume, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), em entrevista a Boris Casoy na Rede Record, no último domingo, demoliu o projeto de ética no Congresso que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Câmara, quer implementar. Para o senador, se Aécio quer mesmo dar uma contribuição à moralidade na política deveria incentivar os tucanos a assinar o pedido de instauração da CPI da Corrupção. “O resto é só trabalho de marqueteiro”, frisou Requião.
Pronto
Na entrevista a Boris Casoy, o senador Roberto Requião deixou transparecer que se afasta da candidatura à Presidência da República do governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Suas principais críticas foram dirigidas aos assessores de Itamar, como Henrique Hargreaves, a quem acusou de se aproximar da Turma do Caitutu – composta pelos membros do PMDB que estão sempre próximos do governo, seja ele qual for; entre os quais estão Michel Temer, Jader Barbalho e Geddel Vieira.
Ao mesmo tempo em que se desilude com Itamar, Requião não poupa elogios a Lula, a quem parabeniza por ter aprendido mais sobre economia e política sem ter esquecido de viajar pelo interior do Brasil. Para o senador paranaense, Lula está pronto para assumir a Presidência.
Crise em debate
O decano da UFRJ, professor Carlos Lessa, também presidente do Conselho Editorial do MM, participa, amanhã, às 19h, na II Semana de Economia da Faculdade. Moraes Junior, do debate “Considerações sobre a crise brasileira”. Na ocasião, Lessa também fará a apresentação sobre seu livro “O Rio de todos os Brasis”. O evento se estende até quinta-feira, com um debate sobre “O sistema bancário brasileiro no planos econômicos”.
Epitáfio
Ainda do senador Requião, ao comentar a possível candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à Presidência da República: “Ele é do partido do presidente e com isso seu funeral já está encomendado.”