O preço do petróleo voltou a subir nesta quarta-feira. O contrato do West Texas Intermediate (WTI) para entrega em outubro teve alta de US$ 0,85 (0,98%), para fechar em US$ 87,54 por barril na Bolsa Mercantil de Nova York.
O contrato de petróleo Brent ficou estável em US$ 90,64 por barril, mantendo o valor recorde desde novembro de 2022.
Desde o início deste ano, analistas afirmam que o Brasil necessita desenhar uma nova estratégia no mercado global de óleo e gás, se não quiser ser impactado com as flutuações de preços do mercado global.
Cortes na produção na Arábia e na Rússia pressionam preço do petróleo
“A Arábia Saudita e a Rússia estão tentando dar as cartas nos preços do petróleo, como sinalizaram há alguns meses. É a tentativa de manter o cartel”, comentou, nesta quarta-feira, Adhemar Mineiro, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ao analisar o anúncio da Arábia Saudita e da Rússia de estenderem até o fim do ano cortes na oferta de petróleo.
Fundada em 1960 em Bagdá, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reúne 13 países (Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Venezuela, Iraque, Argélia, Equador, Gabão, Indonésia, Líbia, Nigéria, Catar e Emirados Árabes Unidos).
Segundo o pesquisador do Ineep, a decisão da Arábia Saudita e da Rússia de dar as cartas nos preços do petróleo pode funcionar, exceto se houver sinais muito fortes de crise ou de desaceleração da economia mundial. “Por isso, vale acompanhar o comportamento da economia chinesa, que vem patinando, e dos mercados financeiros dos EUA, que andam ressabiados”, afirmou.
Na opinião dele, a Arábia Saudita e a Rússia vão tentar manter os preços altos, mas a economia mundial não dá segurança para tanto, ao menos até aqui. “É um ambiente para pescadores de águas turvas”, acrescentou ele.
No começo de abril, a Arábia Saudita divulgou que ela e os países da Opep reduziriam a oferta mundial de petróleo em cerca de 1 milhão de barris por dia. A declaração impactou diretamente os preços internacionais de petróleo e derivados. A Rússia se pronunciou afirmando que manteria seu corte de março, de 500 mil barris por dia, até o fim deste ano. A decisão dos dois países reafirma a mensagem que “o cartel está de volta e disposto a evitar a queda dos preços”.
Para o Brasil, exportador de petróleo bruto, mas importador de derivados, o reflexo da decisão dependerá da flutuação dos preços internacionais e da variação do dólar. Assim, na avaliação do pesquisador, se o dólar cair em relação ao real, poderá compensar o aumento dos preços no mercado externo.
Caso contrário, ocorrerá impacto nos resultados da inflação, tendo em vista o peso do diesel no movimento da economia brasileira. Atualmente, cerca de 25% do diesel consumido no país é importado.