Qualquer semelhança…

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Joe Biden e Kamala Harris (Fotos Públicas)
Joe Biden e Kamala Harris (Fotos Públicas)

O presidente dos EUA, Joe Biden, no dia 17 de junho, sancionou a lei aprovada pelo Congresso em 16 de junho, transformando em feriado nacional o dia 19 de junho, o Juneteenth (contração de duas palavras, june – junho – e nineteenth – décimo nono), feriado nacional, para celebrar o fim da escravidão negra naquele País.

O Juneteenth vem se juntar aos outros dez feriados nacionais, um roteiro pela História norte-americana, a saber: New Year’s Day (Dia de Ano Novo; 1º de janeiro); Birthday of Martin Luther King, Jr.(Homenagem ao rev. Martin Luther King, Jr, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1964; data móvel, terceira segunda-feira do ano); Memorial Day (Dia da Lembrança; data móvel, última segunda-feira de maio; homenagem aos militares mortos em serviço); Washington’s Birthday Presidents’ Day (Aniversário de George Washington – Dia dos Presidentes; data móvel comemorada na terceira segunda-feira de fevereiro); e Independence Day (Dia da Independência; 4 de julho).

Prossegue a relação: Labor Day (Dia do Trabalho; data móvel, comemorada na primeira segunda-feira de setembro); Columbus Day (também comemorado como Dia da Hispanidade; data móvel saudada na segunda segunda-feira de outubro); Thanksgiving Day (Dia de Ação de Graças; data móvel comemorada na quarta quinta-feira de novembro); Veterans Day (dia em homenagem aos veteranos das Forças Armadas, vivos ou mortos; saudados em 11 de novembro); e Christmas Day (Natal).

Interessante notar que, compatível com a História dos EUA, mas ainda assim curioso, que com extensa tradição de participação em guerras e em expressões de racismo, que existam quatro feriados nacionais, do total de 11, combinados dois a dois, dedicados aos mesmos públicos – guerreiros e heróis na superação da segregação racial.

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Outro aspecto interessante que a relação sugere é o da transferência para uma segunda-feira de todos os feriados de data móvel. Interessante também a dispersão equilibrada dos feriados ao longo do ano. Esta não é uma característica espontânea. Ela só ocorre por que alguns feriados de data móvel, antes, eram de data determinada, mas foram transformadas em data móvel com este fim.

O Juneteenth saúda a data em que os derradeiros escravos negros no país foram libertados, especificamente, em Galveston (Estado do Texas). A Proclamação de Emancipação foi sancionada pelo presidente Abraham Lincoln, em 1º de janeiro de 1863, e imposta aos estados do Sul, derrotados em 1865. Por ela, “todas as pessoas mantidas como escravas” no país estariam livres. Um truque de sabedoria política, pois o Norte, vencedor e já então industrializado, não se utilizava mais da mão de obra escrava. Na época, só a US Steel, de Andrew Carnegie, já produzia mais aço do que Alemanha, França e Inglaterra reunidas.

A data andou adormecida na primeira metade do século XX, mas, com a ebulição dos anos 1960, na qual ocorreu a retomada do Movimento dos Direitos Civis, o Juneteenth emergiu novamente, culminando na Marcha dos Pobres, em 1968, em Washington, liderada pelo reverendo Ralph Abernathy. Na atualidade, contribuíram para a sanção da lei as manifestações que se seguiram ao assassinato de George Floyd, em 25 de maio de 2020, por um agente branco de polícia (Minneapolis/Minnesota), e após Jacob Blake, de 29 anos, ter sido baleado sete vezes, também por agentes brancos de polícia (Kenosha/Wisconsin).

 

O Brasil com isso?

No Brasil, onde ocorre o fenômeno jabuticaba do racismo sem racistas, a data da morte de Zumbi dos Palmares, emblema da luta contra a escravidão, 20 de novembro, tornou-se o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (Lei 12519/2011), mas sem feriado. Há no país 16 feriados nacionais. Nenhum deles se refere ao nosso longo passado escravocrata.

 

Mudar, não mudou, mas…

Quando se falou em reforma administrativa, reli o relatório da pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) /Instituto de Economia da UFRJ/ Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), sobre a presença do negro no serviço público.

Olhando para o serviço público, a conclusão é de que, apesar de representarem 50,7% da população (IBGE-Censo 2010), pretos e pardos ocupavam apenas 30% dos cargos do funcionalismo nos três níveis (federal, estadual e municipal). Entre os médicos, ocupavam 17,6% do total de 1.600.486 estatutários Entre os professores universitários, não chegavam a 30%. Mesmo com as cotas raciais. Em funções de chefia e liderança, apenas 34,8%, ante 64,1% de brancos.

A presença dos negros só aumenta quando são observados os postos de menor remuneração e prestígio. Entre os servidores públicos técnicos e de nível médio, correspondiam a 44,5%; entre os ocupantes de postos elementares, a participação foi de 60,2%; e entre os coletores de lixo, registrou-se a ocupação de 70,2% postos de trabalho.

Os números podem estar defasados, mas certamente, não viraram de cabeça para baixo, mesmo com a aprovação das cotas em concursos públicos, porque a discrepância tem origem, sobretudo, na diferença dos anos de escolaridade entre os grupos, que não mudou radicalmente, mesmo com a aprovação do PL 6738/2013 (reserva 20% das vagas em concursos públicos federais para afrodescendentes, até 2023).

Quando se fala em reforma administrativa, ponho meu cavanhaque de molho. Vai sobrar para quem? Adivinha…

 

#VACINA SIM #VACINA JÁ

500K ou 3.906 Airbus lotados (como aquele que foi invadido) ou 7 Maracanãs cheios até a tampa. Em grande parte, a doença poderia ter sido evitada. Um genocídio. Solidariedade aos que sobrevivem. Respeito aos que não voltarão.

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