O livro de estreia de Karla Galant chega à Livraria da Janela (Rua Maria Angélica, 171, Jardim Botânico), no mês das Mulheres, neste sábado (22), das 16h às 17h e revela ousadias inusitadas para uma mulher madura, pontuando ritos de passagem do universo feminino com uma caligrafia vigorosa. Poemas despretensiosos sobre o cotidiano alcançam alturas que discutem a condição humana, a necessidade da arte e o desafio de conciliar o mundo conectado com a liberdade necessária à criação.
“Gosto de dizer que estou na envelhescência, termo que define de maneira sensível a transição na vida da mulher madura, tirando o peso que a sociedade insiste em impor a este momento tão sublime, onde é possível celebrar o que somos e avançar em realizações e potência criativa. Gosto dessa fase e vejo que cada vez mais mulheres não desejam ser eternamente jovens”, afirmaKarla Galant, autora do livro “Café com pássaros”).
Não à toa, a autora carioca define sua escrita como resistência. Karla lança seu primeiro livro às vésperas de completar 60 anos, revelando e celebrando décadas de um fazer poético invisibilizado pelas urgências da sobrevivência. “Escrever profissionalmente nunca me afastou do prazer das minhas próprias narrativas, poemas e contos principalmente, porém de alguma forma criou um embaraço para que eu assumisse a literatura como ofício, o que pretendo fazer agora”, explica. Segundo Karla, a maturidade nos permite experimentar novos espaços e muitas vezes são exatamente aqueles sonhados durante uma vida inteira em que a sobrevivência teve ser a prioridade.
“Encontro-me fora dos eixos/no vértice me escondo/em movimento escuso/ No vértice – o ponto cego das probabilidades/ busco o máximo equilíbrio no nada envolvido/ O mínimo é tudo/O resto é temporário” (trecho do poema Eixos). Esse trecho do poema Eixos talvez seja uma boa definição para a o momento da autora: o ponto de inflexão para alçar novos voos.
A Orelha do livro é assinada pela pesquisadora de literatura feminina brasileira, poeta e curadora, Elisa Pereira. ” Quando li “Café com Pássaros” pela primeira vez, imediatamente me lembrei da escritora Audre Lorde e sua reflexão sobre como nós mulheres buscamos saber quem somos e nos definirmos por meio das palavras”, explica Elisa.