O Brasil é um dos maiores consumidores de plástico do mundo, segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) que aponta que, em 2022, cada brasileiro produziu cerca de 64 kg do material.
Hastes flexíveis, pinos plásticos, fragmentos de isopor de delivery estão à frente dele na lista dos 10 itens mais encontrados em ambientes aquáticos de cidades pesquisadas pelo projeto Blue Keepers, do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. Foram 55 mil itens coletados, contados e classificados desde 2022, sob metodologia de coleta amostral de resíduos desenvolvida em parceria com a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, que incorpora elementos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA.
As 55 coletas amostrais totais foram realizadas em Manaus; no Ceará, nas cidades de Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza; em Recife, Salvador, Brasília e Serra, no Espírito Santo, além de Arraial do Cabo, Armação de Búzios, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, e Rio de Janeiro, no Estado do Rio; e Santos e Itanhaém, em São Paulo, localidades já identificadas no Diagnóstico das fontes de escape de resíduos para o ambiente e do Webmapa com mais de 600 portas de entrada de resíduos para o oceano.
Os 10 itens mais encontrados no inventário até outubro de 2023 pelo Brasil em ambientes aquáticos (praias, rios, lagoas, manguezais) foram, pela ordem: fragmentos de plástico em geral (7.991 itens); cigarros, filtros e pontas (6.263); fragmentos de isopor – granulado (2.856); tampas de garrafa de bebidas – plástico (2.843); embalagens delivery (isopor liso) – fragmento (2.482), pinos plásticos/Eppendorfe (cápsula para drogas) (2.030); haste flexível/cotonete (1.585); chapinhas de garrafa (1.481); canudo (1.445); e tampas de plástico em geral (1.205).
Ao observar o ranking dos artigos mais encontrados, o estudo apurou que fragmentos de plásticos representam mais de 15% da amostra, mostrando como esse material já se encontra em estágio de decomposição em ambientes aquáticos. Segundo especialistas do Instituto de Biociência da USP “quanto menores os fragmentos de plástico, maior o dano ambiental”, prejudicando a fauna e a saúde humana. De acordo com um relatório de 2021 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o plástico soma 85% do lixo encontrado nos oceanos.
Em ao menos nove cidades, foram realizadas quatro coletas amostrais que permitiram fechar o ciclo anual de estações do ano são cidades com alto risco de escape de resíduos plásticos para corpos d’água: em Manaus, os itens com maior recorrência nas coletas realizadas na desembocadura do Tarumã-Açu, um dos afluentes do Rio Negro, foram garrafas PET e tampas plásticas; já no Rio de Janeiro, onde as coletas se concentraram no Sistema Lagunas de Jacarepaguá, foram fragmentos variados de plástico.