Os eleitores da Califórnia aprovaram, com quase 60% dos votos, proposta que desobriga as empresas de transporte por aplicativo – tipo Uber e Lyft – de contratar seus motoristas. A vitória da economia de bicos (gig economy) foi pavimentada por US$ 200 milhões gastos em lobby pelos apps, ameaças de interrupção dos serviços e redução do número de empregados. Muitos motoristas aderiram à proposta, tanto por acreditar na suposta “liberdade” de dirigir quando quiserem, quanto pelo medo de perder seu trabalho. Usuários escolheram seus interesses pessoais, ignorando os ganhos coletivos.
O caso é um exemplo de como o debate real sobre a economia esteve ausente da campanha eleitoral norte-americana. Apesar das pesquisas indicarem que 35% dos eleitores tiveram a economia como principal fator para decisão sobre o voto – 20% optaram pela questão racial e 17%, a Covid – as eleições tocaram superficialmente nas questões que afetam o trabalhador, que viu mais uma década de perda de rendimentos frente ao capital.
Biden ou Trump, como sempre acontece no viciado e injusto sistema eleitoral norte-americano, não têm diferenças visíveis a olho nu. Não falo das atitudes midiáticas, mas do essencial, que é a manutenção da transferência de renda para um pequeno segmento em detrimento da sociedade.
Sem mocinho
A torcida no Brasil pró-Biden (antibolsonaristas) ou a favor de Trump (os fiéis a Bolsonaro) não deixa de parecer que alguns estão torcendo pelo tráfico para impedir a expansão da milícia…
Lava Jato perde outra
A CVM concluiu nesta quarta o julgamento de processos apurando se houve irregularidades em trabalhos de auditoria em demonstrações financeiras da Petrobras. Tal qual no julgamento do dia anterior, em que os dirigentes (diretores e integrantes dos conselhos de Administração e Fiscal) foram quase todos absolvidos, exceção para os réus confessos Renato Duque e Paulo Roberto Costa, o resultado foi um revés à Lava Jato.
As empresas de auditoria e os auditores foram absolvidos de quase todas as acusações. Houve apenas uma condenação, à KPMG (multa de R$ 300 mil) e um de seus sócios (R$ 150 mil) por detalhes burocráticos no desenvolvimento dos trabalhos.
O que se tem, portanto, é que os dirigentes e auditores da Petrobras não tinham como ter conhecimento do que se passava nas diretorias que negociavam propina. Igualmente, a não realização das baixas contábeis (“impairments”) não foi condenada.
Como a coluna anterior mostrou, havia uma perigosa tendência de politizar o julgamento, algo que acabou descartado. Para os lavajatistas, sobram menos argumentos para bombardear a Petrobras.
Por seu lado, a estatal sai fortalecida nos embates judiciais com acionistas que pedem indenizações por perdas causadas pelo desvio de recursos. Diferentemente dos investidores estrangeiros, com os quais a Petrobras firmou milionário acordo de indenização, os brasileiros devem sair perdendo.
Raio X da consultoria
O Laboratório da Consultoria escuta os consultores brasileiros para a pesquisa anual do perfil das empresas de consultoria no Brasil, referente a 2020, com o objetivo de realizar levantamento detalhado do mercado, que tem crescido nos últimos anos e que mantém perspectivas otimistas para o futuro. O formulário deve ser preenchido online e ficará disponível aqui até 10 de dezembro de 2020.
Doloso
Rodrigo Constantino foi demitido da Jovem Pan após comentário sobre o estupro de Mariana Ferrer. Segue, por enquanto, na Record do bispo Macedo, a quem já criticou pela “cena patética” e “populismo abjeto” (em caixa alta!) da unção de Bolsonaro. Ele se converteu? Era encosto?
Rápidas
A Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) recebe a candidata à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro Clarissa Garotinho nesta sexta, às 18h. Benedita da Silva é a convidada da próxima segunda (9), às 19h *** Nesta sexta-feira, será inaugurado OBOM Atacadão, primeiro atacarejo de Guaratiba, zona oeste do Rio *** Neste fim de semana, Camila Vargas, do Espaço Fina Flor, ministrará o curso de “Bronzeamento Natural para iniciantes”. Mais informações: (21) 96426-9710 *** A nova Diretoria da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Bangu será presidida por Márcio Benedito da Silva e integrada por Álvaro Alves de Oliveira Júnior, Monique Rangel Pinto Antunes Simões, Silvia Nathalia Rodrigues Cunha, Sérvulo Mendonça Pinheiro e Rafael Rodrigues Moreira da Silva.