Estou voltando após uma peleja para compensar os estragos decorrentes de problemas de saúde (ou da falta dela) após um diagnóstico oftalmológico absurdo e após problemas com notebooks, que fizeram da oficina de manutenção a creche deles.
Agradeço aos que estranharam a ausência (todos devidamente respondidos – não foram tantos assim… outros, mais delicados, disseram para não ter pressa…).
Nas últimas semanas, deu-se o debate, derivado da divulgação, pelo IBGE, de relatórios parciais, contendo resultados do censo demográfico. Os números são implacáveis. O Brasil, no total da população residente, em todas as Unidades da Federação, em todas as regiões geográficas, é “mulher”. Basta destampar qualquer panela em um fogão de casa de família e lá está ela sendo fritada. Hábitos e costumes legados por gerações escravistas, autoritárias e machistas deram no que deu. Um mercado de trabalho injustamente concentrador. Os números são implacáveis mesmo.
Em termos regionais, o Estado de Santa Catarina tem a participação de mulheres pretas restrita a 2,6% do mercado formal de trabalho. Segundo os dados do Ministério do Trabalho (Observatório Nacional do Ministério do Trabalho) é de 22,2% a participação de mulheres brancas neste mesmo mercado em Santa Catarina (informações colhidas pela Rais). No extremo oposto, está o Estado do Amazonas (com 28,6% do mercado formal de trabalho ocupado por mulheres pretas).
Se houvesse os jogos olímpicos da injustiça do mercado de trabalho, modelado por nossa formação política medida por remunerações diferentes para trabalhos iguais, a ordem de classificação ficaria assim:
3º lugar: mulheres pretas ocupariam lugar de destaque como vítimas na iniquidade, medida pela remuneração de R$ 2.745,2, média para trabalhos iguais aos desempenhados por homens e mulheres brancas; as mulheres pretas recebem menos do que os homens pretos, quase a metade.
2º lugar: homens pretos, recebem menos do que mulheres e homens brancos
1º lugar: mulheres brancas, recebem R$ 3.565, em média, 48% menos do que os homens brancos, para trabalhos iguais