Do início da pandemia, em março, até o mês de outubro, o turismo brasileiro perdeu R$ 46,7 bilhões em faturamento, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). O valor é quase o total que o Governo Federal despendeu para o pagamento mensal do auxílio emergencial (R$ 50 bilhões). Considerando o melhor momento da série histórica – o ano de 2013 -, e tirando a inflação do período, a queda nas receitas já chega a 38,5%.
Só em outubro, por exemplo, o setor faturou 32% a menos do que no mesmo mês do ano passado (R$ 9,8 bilhões). Em setembro, vale dizer, as receitas somaram R$ 8,6 bilhões – o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 2011.
A retração do turismo até agora é encabeçada novamente pelo setor de transporte aéreo, que já faturou 52,2% entre março e outubro em comparação ao mesmo período de 2019. Ele vem, contudo, amenizando suas quedas a cada mês: caiu 64,6% em setembro; 68,8% em agosto e 78,1% em julho. As companhias enfrentam um longo período de baixa demanda de procura e mesmo de assentos, segundo a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac): em outubro, a redução de lugares nos aviões foi de 41%.
Depois do setor aéreo, o maior prejuízo nos meses da pandemia foi registrado pelas atividades de hospedagem e alimentação, que faturaram 30,3% a menos entre março e outubro de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Esses resultados negativos impactam no turismo como um todo, já que a retração da demanda por quartos de hotéis, por exemplo, afeta a baixa procura por passagens aéreas.
No período analisado, houve diminuição de faturamento entre as atividades culturais, recreativas e esportivas (-27,2%), as locadoras de veículos, agências e operadoras de viagens (-15%) e o transporte rodoviário intermunicipal e interestadual (13,5%).
Já segundo mapeamento feito pela agência virtual de turismo Viajanet, com base nos dados divulgados pelo Ministério do Turismo, as companhias devem retomar 80% das atividades em dezembro em comparação ao mesmo período de 2019. Além disso, o Viajanet apurou que o ministério lançou o Plano de Retomada do Turismo Brasileiro, a fim de minimizar os danos causados pela Covid-19 e estabelecer os protocolos de higienização que devem ser feitos em cada setor do ramo. Para isso, as empresas devem fazer a inscrição no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) e receber o selo de Turismo Responsável.
Neste sentido, a Viajanet fez um levantamento de quais medidas de higienização e protocolos de distanciamento social estão sendo tomados pelas companhias aéreas para tornar as viagens mais seguras, de acordo com o que é recomendado pelos órgãos de saúde responsáveis.
De janeiro a novembro deste ano, a Gol foi a companhia aérea que mais vendeu passagens aéreas para destinos nacionais entre os dias 1º e 31 de dezembro, com 45,6% das compras de acordo com os dados do Viajanet. A companhia informa que suas aeronaves são equipadas com um filtro de ar HEPA, que promete capturar 99,7% de partículas microscópicas incluindo bactérias e vírus a cada 3 minutos. Assentos, cintos de segurança, apoios de braço, mesinhas, janelas, saídas de ventilação, compartimentos de bagagem, carrinhos de serviço, banheiro e portas estão sendo higienizados entre cada viagem e é disponibilizado álcool gel para os passageiros.
Já a Azul, que ficou em segundo lugar como a empresa que mais vendeu passagens para o mês de dezembro, com 37,1% do total, explica que há um controle no embarque de passageiros, separando-os por grupos, para evitar aglomerações. As aeronaves também são equipadas com um filtro de ar com o sistema HEPA, e além da higienização das superfícies entre cada voo, a companhia aérea implementou um sistema de raio ultravioleta, o UV Cabin System, da Honeywell, que promete higienizar o interior da aeronave em menos de 10 minutos, eliminando vírus e bactérias a bordo.
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