As vendas do varejo continuaram a apresentar queda em junho de acordo com o SpendingPulse, relatório mensal da Mastercard de vendas do varejo, caindo 4,1% em relação a junho do ano passado. As vendas totais ao longo dos últimos três meses caíram 4,5% comparadas a 2015, ligeiramente acima da queda de 5,3% do primeiro trimestre.
Alguns setores têm mostrado pequenos sinais de que a desaceleração está perdendo força. Por exemplo, o canal de e-commerce cresceu 1,7% em junho em relação ao mesmo período do ano passado, uma ligeira melhora a partir da média de crescimento de -0,1% do segundo trimestre, comparado a 2015. Além disso, móveis e eletrônicos, bem como materiais de construção, apresentaram quedas menores no segundo trimestre de 2016 em comparação ao primeiro.
Ainda assim, o varejo brasileiro continua a apresentar taxas de crescimento fracas. Vestuário, supermercados, artigos farmacêuticos e materiais de construção cresceram acima das vendas totais, mas apenas um (materiais de construção) apresentou um crescimento no volume de vendas em junho em comparação a 2015. Enquanto isso, móveis e eletrônicos e artigos de uso pessoal e doméstico ficaram para trás nas vendas totais no varejo.
Embora seja considerada uma das principais datas comerciais do calendário brasileiro, as vendas no Dia dos Namorados caíram 4,1% em relação à semana anterior, comparado ao mesmo período de 2015.
– O ambiente econômico permanece desafiador, com o aumento do desemprego e fraco crescimento da massa salarial. A inflação também manteve-se elevada, o que contribui para a erosão do poder de compra dos consumidores. Continuamos a esperar que o varejo brasileiro venha a se deteriorar um pouco mais nos próximos meses, mas talvez em um ritmo mais lento do que antes – disse Kamalesh Rao, diretor da pesquisa.
As regiões Sudeste (-2,4%), Centro-oeste (-0,8%) e Sul (-4,0%) tiveram desempenho acima da média, enquanto Norte (-4,8%) e Nordeste (-4,9%) ficaram abaixo do registrado pelo varejo, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os setores analisados em março foram farmacêutico, material de construção, supermercados, artigos de uso pessoal e doméstico , vestuário, móveis, eletrodomésticos e combustíveis.
Material de construção: associação do setor fala em crescimento de 8,5% em julho
As vendas no varejo de material de construção cresceram 8,5% no mês de julho, na comparação com junho deste ano. O desempenho foi 4% superior ao registrado no mesmo período de 2015 e equivale ao terceiro mês consecutivo de crescimento do setor em 2016.
Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), com o apoio da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Instituto Crisotila Brasil, Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica Para Revestimento (Anfacer) e Sindicato Indústria Artefatos de Metais Não Ferrosos de São Paulo (Siamfesp), que ouviu 530 lojistas de todas as regiões do país entre os dias 26 e 30 de julho. A margem de erro é de 4,3%.
– Com os bons resultados apresentados em julho, o setor, que acumula queda de 6% em 2016, deve praticamente zerar esse índice nos próximos dois meses graças ao elevado grau de otimismo demonstrado na pesquisa. Nos últimos 12 meses, estamos com queda acumulada de 4% – explica o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.
Segundo ele, a expectativa da entidade é que o varejo de material de construção encerre o ano com crescimento de 5% sobre 2015.
– Continuamos firmes na nossa expectativa de fecharmos 2016 com crescimento, até porque, em mais de 30 anos de Anamaco, 2015 foi o primeiro ano que teve um segundo semestre com desempenho de vendas inferior ao primeiro. O frio também ajuda muito nas vendas e o tempo seco prolongado faz com que as obras tenham um bom andamento – completa.
O presidente da Anamaco também ressalta que este é o melhor momento para o consumidor retomar as obras sem gastar mais do que gostaria.
– O cliente já percebeu que a defasagem dos preços dos materiais de construção não deve durar, pois com os ajustes na produção pelas indústrias, os preços devem subir. Hoje, o cliente já tem dificuldade de encontrar a mesma disponibilidade de produtos e marcas que foram abundantes durante o ano passado. No momento, as lojas ainda estão vendendo esses produtos, em média mais baratos do que em 2015, porém os estoques já estão baixos e, assim que forem repostos, esses preços devem mudar – diz.
A pesquisa também indicou que a Região Sudeste foi a que mais se destacou no mês de julho, com 46% das lojas entrevistadas registrando aumento de vendas, numero 31% maior do que o de junho. No Nordeste, o índice foi de 36%, seguido do Sul (28%) e do Centro-oeste (33%).
No levantamento por categorias, tintas registrou 10% de crescimento no mês, seguida por metais sanitários (4%). Fechaduras e ferragens e revestimentos cerâmicos apresentaram estabilidade no período, já louças sanitárias e telhas de fibrocimento apresentaram retração de 2% 4% respectivamente.
Ainda de acordo com a Pesquisa Tracking Anamaco, as estimativas para agosto são positivas: 59% dos entrevistados espera crescimento em relação a julho. O grau de otimismo sobre as ações do Governo nos próximos 12 meses cresceu de 46% para 55%. Já a intenção de contratar novos funcionários subir de 13% para 15%. Cerca de 38% dos entrevistados também afirmou que pretende fazer novos investimentos nos próximos 12 meses.
O varejo de material de construção fechou 2015 com retração de 5,8%. Foi a primeira retração registrada pelo segmento nos últimos 12 anos. A Anamaco está finalizando os estudos para alterar o método de cálculo do faturamento do setor, em razão das novas medições introduzidas pelo IBGE em seus índices. Um estudo prévio, a ser finalizado em março, apontou que o varejo de material de construção teve um faturamento de R$ 115 milhões em 2015.
Balanço da Associação Comercial de SP aponta queda de 9,7% nas vendas em julho
O comércio da capital paulista fechou julho com queda média de 9,7% no movimento de vendas, sobre o mesmo período do ano passado. Já nos sete primeiros meses de 2016, o setor acumula recuo médio de 10,9%. Os dados são do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
O resultado de julho foi impactado pelas temperaturas mais altas, desestimulando as vendas de produtos como roupas, calçados e cobertores. Houve também influência do dia útil a menos em relação a julho de 2015.
– Apesar de as retrações ainda serem profundas, a situação do varejo parou de piorar. Mesmo assim, não há uma tendência firme de redução das quedas e de recuperação – comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Ele complementa que a expectativa é de que os números dos próximos meses melhorem porque a base de comparação será mais fraca, uma vez que no segundo semestre de 2015 as retrações começaram a se aprofundar.
Outro fator que pode reforçar o otimismo é a confiança quanto ao futuro. “O humor dos consumidores e empresários está no campo da expectativa por aumento da confiança, no próximo semestre. A confiança parece estar voltando em câmera lenta – diz Burti.
Ele pondera que não há percepção de melhora das condições no presente momento, diante de um cenário de desemprego alto e condição financeira deteriorada.
– A recuperação será gradual e não linear.
Segundo a entidade, em julho, as vendas a prazo caíram 5,4% e as comercializações à vista recuaram 14%, em relação ao mesmo mês de 2015. A queda menor das transações a crédito pode ser reflexo da volta dos crediários nas lojas. Com bancos mais seletivos na concessão de crédito e com a queda dos salários, os crediários se mostram como uma saída tanto para consumidores quanto para lojistas – que, em muitos casos, oferecem parcelamento em até 18 vezes sem entrada.
Já as vendas à vista recuaram mais, impactadas pela ausência de frio em julho: o consumidor que comprou em junho, não comprará de novo. Além disso, ele não tem renda para comprar à vista, já que os salários em queda e a inflação de alimentos drenam dinheiro – ele só tem recursos para o básico. O desempenho melhor de junho deste ano (queda média de 1% sobre junho/2015) foi circunstancial e pode ser explicado pelo frio, pelo Dia dos Namorados e pelo dia útil a mais.
O Balanço de Vendas ACSP aponta que, em relação a junho, a queda média foi de 4,2%, sendo que os recuos foram de 5,9% nas transações a prazo e de 2,5% nos negócios à vista. A retração pode ser considerada sazonal, já que em junho o Dia dos Namorados aqueceu um pouco o comércio e em julho o movimento nas lojas caiu por conta das férias escolares – muitos pais e filhos viajam na época.














