Pertencer ao estrato dos denominados 10% mais ricos do Brasil está longe de significar ter um padrão de vida luxuoso. Com base em dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), a renda mínima para pertencer ao grupo de 15 milhões de declarantes mais ricos (10% da população adulta) se situa em torno de R$ 71 mil anuais ou R$ 6 mil mensais; metade desse grupo tem renda inferior a R$ 128 mil anuais ou R$ 10,6 mil mensais (limite inferior para pertencer aos 5% mais ricos).
Os cálculos estão no trabalho “Progressividade tributária: diagnóstico para uma proposta de reforma”, de Sérgio Wulff Gobetti, pesquisador de carreira do Ipea cedido à Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul. “O Brasil é um país de renda média-baixa, e, por tal razão, é comum que muitas pessoas que se encontram no topo da distribuição de renda não se vejam como ricas”, afirma Gobetti.
Algum nível efetivo de riqueza pode ser encontrado no 1% mais rico da população adulta: cerca de 1,5 milhão de pessoas que, segundo dados das declarações do IRPF, obtiveram uma soma de rendimentos superior a R$ 390 mil anuais ou R$ 32,7 mil mensais em 2022. Essa minoria ficou com aproximadamente 23,6% da renda disponível bruta das famílias em 2022.
“Esse nível de concentração é não só um dos mais altos do mundo como também cresceu nos anos recentes (…) tomando como referência os dados disponibilizados pela Receita Federal Brasileira (RFB) desde 2017.”
Apesar de relativamente rico, em relação ao conjunto da população, o 1% do topo está distante dos realmente milionários, aqueles que possuem uma renda superior a R$ 1 milhão anuais, apenas 307 mil pessoas, ou 0,2% da população adulta.
Finalmente, temos os que efetivamente concentram riqueza: o 0,01%, apenas 15.366 pessoas, com renda média bruta anual de R$ 26,5 milhões, que ficavam com 5,8% da Renda Nacional Disponível Bruta (RNDB) das famílias brasileiras em 2022; 81% é de renda sobre o capital ou rural.
“A título de comparação, Altshuler, Harris e Toder (2010) mostram que, nos Estados Unidos, o 1% mais rico concentra 54% da renda do capital, enquanto no Brasil chegamos a 61%, mesmo sem considerar os aluguéis (que estão no bloco de rendimentos tributáveis, com salários)”, afirma Gobetti.
No mundo, o 1% mais rico tem mais riqueza do que os 95% mais pobres da população, segundo a ONG Oxfam com base em dados do banco suíço UBS.
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