Quem ganhou com tratamento precoce da Covid-19

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A CPI da Pandemia decidiu nesta quarta que vai pedir o bloqueio de recursos da empresa Vitamedic, fabricante da ivermectina. O bloqueio será pedido à Justiça Federal para garantir

ressarcimento aos cofres públicos, já que o medicamento sem eficácia comprovada para tratamento contra o coronavírus foi vendido a estados. Senadores acusaram a empresa de lucrar milhões de reais com a venda do remédio e fazendo propaganda mesmo sem ter qualquer estudo acerca da medicação à custa de milhares de vidas perdidas para a Covid-19.

O depoente do dia foi Jailton Batista, diretor-executivo da Vitamedic. Ele contestou na CPI que a empresa teria oferecido algum incentivo a médicos para receitarem ivermectina, que faz parte do chamado kit-Covid, no tratamento da Covid-19. Mas o senador Otto Alencar (PSD-BA) apresentou documentos que mostram pagamentos no valor de R$ 10 mil a profissionais que, para

incentivar tratamento precoce contra o coronavírus, de um medicamento sem eficácia comprovada cientificamente, após ser incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Em resposta ao senador, o diretor da empresa negou relação entre o pagamento e a receita dos medicamentos.

“O pagamento não foi para estimular, foi só para levantar informações”, disse Batista. De acordo com ele, os médicos foram financiados para levantar informações sobre estudos em andamento.

Batista confirmou dados apresentados pelo relator da CPI, Renan Calheiros, que haviam sido repassados anteriormente pela empresa. Segundo os números, as vendas com ivermectina

totalizaram R$ 15,7 milhões em 2019. No ano seguinte, já durante a crise da Covid-19, o faturamento com o produto foi de R$ 470 milhões, ou seja, 29 vezes maior.

“Houve uma demanda do produto, nós somos fabricantes, nós produzimos o que o mercado demanda. Foi só isso”, disse o diretor em resposta aos questionamentos. “Ele tem a indicação terapêutica para outras doenças. Para qualquer produto nosso, a gente vai produzindo conforme a demanda do mercado”, explicou.

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Sobre o financiamento de anúncio a favor do tratamento precoce, Jailton Batista afirmou que o pedido foi feito pela Associação Médicos pela Vida e a empresa prontamente aceitou custear as publicações em vários meios de comunicação do que chamou de “estudo técnico” dos profissionais de saúde.

O custo total para a empresa foi de R$ 717 mil, contou Batista.

Além do pagamento aos médicos, a CPI apontou para movimentações atípicas nas contas da empresa, conforme informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) citadas pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). “Nós desconhecemos qualquer pagamento atípico. Nossa empresa, ela é muito…Nós somos uma empresa que é auditada por auditorias internacionais e não podemos ter esse tipo de procedimento na nossa companhia”, afirmou o diretor.

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