Radar da Oi está voltado para soluções de infraestrutura

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Cabo de Fibra Óptica. Foto: divulgação
Cabo de Fibra Óptica. Foto: divulgação

Há quatro anos em recuperação judicial, a companhia de telefonia Oi teve prejuízo de R$ 2,6 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 54,1% em relação ao mesmo período de 2019. O segmento da operadora que mais teve crescimento no trimestre foi o pré-pago, com aumento de 8,2% na receita dos clientes.

A Oi atribui o prejuízo ao alto nível de investimentos em fibra óptica que fez, projetado no plano de recuperação. A fibra saiu de uma faixa de 4% para 24% das receitas residenciais em um ano e já estaria compensando, segundo a companhia, a perda da receita do cobre. Para tentar solucionar suas dívidas, a Oi colocou ativos à venda. O aditivo ao plano de recuperação, aprovado em outubro, permite a venda de R$ 22,8 bilhões em ativos, montante imprescindível para a companhia tentar se recuperar.

A operadora, que divulgou o relatório de resultado na quinta-feira à noite, teve a reestruturação do seu plano de recuperação aprovado em setembro conseguindo mais tempo para resolver pendências que se arrastam e reduzir sua dívida bilionária. Em junho deste ano, a dívida bruta financeira da Oi era de R$ 24 bilhões, e a líquida, de R$ 18 bilhões. A dívida incluída no primeiro Plano de Recuperação Judicial (PRJ) com a Anatel é de R$ 11,09 bilhões, sendo que, destes, R$ 3,89 bilhões destinados à gestão da Anatel e R$ 7,20 bilhões em favor e sob a gestão da Advocacia-Geral da União (AGU).

Em entrevista exclusiva ao E-Investidor do Estadão , Rodrigo Abreu, CEO da Oi, afirmou que a operadora deve voltar a ser sustentável entre 2022 e 2023. A companhia está apostando em infraestrutura e tem no radar as novas oportunidades do modelo de rede neutra e do 5G. A empresa aposta na internet por fibra. O único serviço que cresce no segmento residencial. A operadora encerrou o trimestre com 1,6 milhão de casas conectadas com tecnologia FTTH (uma tecnologia de interligação de residências através de fibra óptica), salto de 336,5% em relação a 2019. São 7,9 milhões de domicílios aptos a contratar a tecnologia, com taxa de ocupação de 22,2%.

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“A venda de ativos ocorre em linha com o crescimento da fibra e a redução de custos. A possibilidade de olhar para o futuro com um modelo sustentável se desenhou com a aprovação do aditivo ao plano de recuperação judicial. A redução da nossa dívida também foi aprovada em plano e vai acontecer a partir da venda de ativos que estamos realizando. Logo, a percepção de execução e da relação entre o risco e potencial da Oi certamente mudou ao longo do tempo”, disse na reportagem o CEO.

No terceiro trimestre, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa também foi positivo em R$ 1,46 bilhão, avanço de 6,4% ante o mesmo trimestre de 2019.

No 3T20, a receita líquida consolidada atingiu R$ 4.706 milhões, apresentando uma queda de 5,9% em relação ao 3T19 e um crescimento de 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa uma reversão de tendência da curva. A receita líquida das operações brasileiras totalizou R$ 4.648 milhões (-6,2% em comparação com o 3T19 e +3,5% em relação ao 2T20) e a receita líquida das operações internacionais (África e Timor Leste) totalizou R$ 58 milhões, apresentando um crescimento de 25,3% em relação ao 3T19 e de 7,1% em relação ao trimestre anterior.

A receita líquida total de serviços das operações brasileiras, que exclui a receita de venda de aparelhos, totalizou R$ 4.620 milhões no 3T20, queda de 6,0% em comparação ao 3T19 e crescimento de 3,2% em relação ao 2T20. A receita líquida total de clientes, que exclui a receita de venda de aparelhos e de uso de rede, totalizou R$ 4.520 milhões no período, -6,3% versus o 3T19 e +3,3% versus o 2T20.

Pré-pago

O segmento pré-pago encerrou o 3T20 com 23.840 mil UGRs (unidade geradora de receita), redução de 7,1% em relação ao 3T19 e de 1,8% em relação ao 2T20. O principal fator para a redução anual é a política da companhia de incentivos para a migração de clientes do segmento pré-pago para o segmento pós-pago.

O total de recargas apresentou uma retração de 9,9% na comparação anual e aumento de 8,3% na comparação sequencial. Assim como na receita total do segmento, o pré-pago mostra fortes sinais de recuperação, ao compararmos o resultado do 3T20 de receita e recargas, com o número do 1T20, trimestre anterior aos efeitos do confinamento, o Pré apresenta 0,9% de crescimento de receita e 1,3% no aumento do volume de recargas.

O crescimento observado tanto na comparação trimestral, quanto na comparação com o 1T20, deve-se principalmente a reabertura das lojas e outros pontos de inserção de créditos, combinada com um reaquecimento da economia e a ajuda financeira do governo à população mais necessitada.

Pós-pago

A Oi encerrou o 3T20 com 9.899 mil UGRs no pós-pago, crescendo a base em 9,6% e resultando em um net adds de 866 mil UGRs em relação ao 3T19, devido, principalmente, à estratégia de migração de cliente pré-pago para pós-pago e às ofertas mais competitivas. Já na comparação trimestral, houve aumento de 1,8% da base, principalmente por conta da reabertura das lojas.

De acordo com o relatório, os resultados positivos nos físicos refletem na receita que cresceu 3,7% na comparação anual e 2,1% na comparação sequencial. As ofertas regionalizadas, simplificação, inovação, intensificação comercial, e o refarming da faixa de frequência de 1.8Ghz para o 4G e 4,5G são os principais fatores que continuam possibilitando os resultados positivos do pós-pago, além da estratégia mencionada de aceleração da migração de clientes pré-pago para pós-pago e a reabertura das lojas.

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