A Fitch Ratings afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA (bra)’ da Aliansce Sonae Shopping Centers S.A. (Aliansce Sonae) e de suas emissões de debêntures com e sem garantias. A Perspectiva do rating corporativo é estável.
Segundo a agência de classificação de risco, o rating da Aliansce Sonae reflete a sua posição como uma das principais operadoras brasileiras de shopping centers, detendo uma robusta carteira de propriedades, com saudável diversificação geográfica e altos índices de ocupação. A classificação também incorpora o baixo risco de negócios da empresa, sua conservadora estrutura de capital, forte liquidez e relevante flexibilidade financeira.
“A Perspectiva Estável incorpora a expectativa de rápida recuperação de geração de caixa, à medida que as restrições de mobilidade se reduzam. Apesar da significativa contração de fluxo de caixa operacional em 2020, o forte perfil de crédito da Aliansce Sonae não foi materialmente afetado pela pandemia de coronavírus”, informou a agência em relatório.
A Aliansce Sonae é a segunda maior operadora full service de shopping centers do país em termos de área bruta locável (ABL) própria, com participação em 27 shopping centers, que, juntos, possuem 805 mil metros quadrados (m²) de ABL própria. Em maio de 2021, todo o portfólio da Aliansce Sonae estava em operação, ante os menos de 45% em março.
“A Fitch espera uma rápida curva de recuperação com as reaberturas. Os novos fechamentos desaceleraram a retomada do fluxo de visitantes e das vendas dos lojistas, que vinham se recuperando de forma consistente. Após a forte contração das atividades no segundo trimestre de 2020 (2T2020), as vendas dos locatários da Aliansce Sonae atingiram, no 4T2020, 86% do apresentado no mesmo período de 2019. No 1T2021, as vendas representaram 65% do 1T2019”, informou a Fitch.
Fluxo de caixa
A Fitch prevê que a Aliansce Sonae deve gerar Ebitda de R$ 540 milhões e fluxo de caixa das operações (CFFO) de R$ 392 milhões em 2021, e R$ 725 milhões e R$ 613 milhões, respectivamente, em 2022. Estes números representam uma importante recuperação frente ao Ebitda de R$ 347 milhões e CFFO de R$ 175 milhões reportados em 2020. As projeções da Fitch incorporam uma curva de descontos mais suave em 2021, frente a 2020, quando as operadoras brasileiras de shopping centers postergaram e/ou suspenderam a cobrança de aluguéis durante os meses de fechamento.
“A geração de fluxo de caixa livre (FCF) dependerá da estratégia de investimentos da Aliansce Sonae nos próximos anos”. Segundo a agência, as projeções incorporam um aumento relevante dos investimentos programados entre 2021 e 2023, de R$ 1,3 bilhão no período, frente a uma média anual de R$ 111 milhões entre 2017 e 2019, porém depende de um ambiente de negócios mais estável. Neste cenário, o FCF ficará levemente negativo em 2021, considerando dividendos de BRL 60 milhões e investimentos de R$ 349 milhões, antes do pagamento de BRL 304 milhões referentes ao aumento de participação nos shopping centers Leblon e Bahia. A companhia possui a flexibilidade de reduzir investimentos, e considerando apenas o capex de manutenção, o FCF ficaria acima de R$ 250 milhões em 2021.
As métricas de crédito da companhia também se beneficiaram do recebimento de aproximadamente R$250 milhões em 2020 relacionados a desinvestimentos, além de reduzidos investimentos e ausência de dividendos. Em relação ao valor da carteira de propriedades, o índice dívida líquida em relação ao valor estimado dos ativos em operação (loan-to-value – LTV) era de apenas 5% em março de 2021.
Dívida
A Aliansce Sonae possui robusta reserva de caixa e gerenciáveis vencimentos de dívida programados para os próximos 12 meses. Em 31 de março de 2021, a companhia contava com R$ 1,4 bilhão em caixa e aplicações financeiras, que cobria os vencimentos de dívida dos próximos três anos, no montante de R$ 1,3 bilhão. A dívida total, de R$ 2,0 bilhões, era composta por debêntures (76%), Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Crédito Imobiliário (CCIs e CCIs, 8%) e dívida bancária (16%). A Aliansce Sonae possui forte acesso ao mercado de capitais.
Os índices de cobertura de juros da Aliansce Sonae são fortes e deverão se posicionar em patamar acima de 3,5 vezes nos próximos anos, frente a 2,8 vezes reportados em 2020. O perfil de crédito da companhia também se beneficia de flexibilidade financeira proveniente de ativos desonerados, que podem ser monetizados ou servir como colateral em financiamentos, caso necessário. Em 31 de março de 2021, o valor de mercado total das propriedades em operação era estimado em R$ 12,6 bilhões, cobrindo a dívida total em 6,3 vezes. Do valor total de ativos, R$ 9,2 bilhões se referem a ativos desonerados, frente a R$ 724 milhões de dívidas sem garantias.