Ratings de empresas de saneamento não sofrerão impactos imediatos

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A crise hídrica no Brasil terá reflexos em diversos segmentos da sociedade. Mas os ratings das empresas brasileiras de saneamento básico avaliadas pela agência de classificação de risco Fitch não devem ser alterados, ao menos a curto prazo.

No relatório sobre o tema divulgado nesta sexta-feira, a agência estima que não haverá impacto relevante no volume total faturado destas companhias em 2021 e 2022, assumindo um nível de chuvas, nos próximos meses, em linha com a média histórica. A agência. O desempenho das empresas de saneamento, segundo as projeções do cenário-base da Fitch, sustenta as classificações das companhias analisadas.
As condições atuais de captação e reservação variam entre as empresas, e são mais desafiadoras para a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O Estado do Paraná tem registrado baixos índices pluviométricos desde 2020, mas as ações da Sanepar para gerenciar os níveis dos principais reservatórios, os investimentos em segurança hídrica, os rodízios no abastecimento e as campanhas para o consumo racional de água têm mitigado os impactos no perfil financeiro da companhia.

De acordo com as projeções da Fitch, a expectativa é de redução de 1% no volume total faturado em 2021 e crescimento de 12% no Ebitda em relação ao ano anterior, suportado principalmente pelos reajustes de tarifa. O nível dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de Curitiba, principal área de atuação da Sanepar, atingiu 50% em 17 de setembro, acima dos 30% registrados ao final de setembro de 2020.

Sabesp

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Para a Sabesp, o nível atual de reserva hídrica do seu principal reservatório (Cantareira), em 34%, é o mais baixo dos últimos cinco anos para o mês de setembro. No entanto, os investimentos realizados para ampliar a captação de água e a interligação entre os sistemas produtores reduziram a dependência do Cantareira para cerca de 35% (de 50%, historicamente) no abastecimento da região metropolitana de São Paulo. Esta condição mitiga os riscos de restrição no abastecimento em um cenário de pluviometria, nos próximos meses, em linha com a média histórica.

Durante a última crise hídrica enfrentada pela companhia (2014-2015), o Ebitda de 2015 – ano em que a crise atingiu o ápice – foi 18% inferior ao reportado em 2013, antes da crise. Esta redução do Ebitda seria aceitável para a classificação atual da Sabesp, caso volte a ocorrer, considerando a expectativa de que a empresa retomará gradualmente, nos próximos anos, o desempenho registrado historicamente.

Empresas privadas

Segundo a Fitch, para as demais companhias, a condição hídrica atual é, em geral, satisfatória para o abastecimento de água nos próximos trimestres, considerando, neste período, níveis de chuva dentro dos patamares históricos.

As empresas privadas se favorecem de maior diversificação geográfica de suas atividades, e a Fitch não estima restrição significativa no abastecimento de suas principais operações. As empresas públicas seguem com o desafio de aumentar os investimentos, principalmente para a ampliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto para cumprimento das metas regulatórias, combinado ao contínuo fortalecimento da segurança hídrica, de forma a gerenciar uma eventual restrição nas condições de distribuição de água.

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