Real e peso mexicano sob ataque

Pressão contra os Brics atinge outros países; real e peso mexicano também sofrem com pressão para ‘cortes’ no orçamento

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Claudia Sheinbaum
Claudia Sheinbaum (Foto: Francisco Cañedo/Agência Xinhua)

A forte alta recente do real, assim como a “surpreendente” queda nesta segunda-feira, não deixam dúvidas de que a moeda brasileira está sob ataque. O mesmo ocorre com o peso mexicano. No caso do Brasil, pressões internas se juntam às externas.

Para um analista internacional sediado nos EUA, ouvido pela coluna, a pressão de Washington é séria. “Na verdade, todo o Brics está sendo alvo, de uma forma ou de outra. Basta olhar para a Bolívia. Ou a guerra financeira contra o Egito. Ou a extrema pressão que eles estão fazendo contra a Arábia Saudita para mantê-la fora do Brics.”

Tanto o México quanto o Brasil estão sendo atingidos por uma guerra financeira – no caso do México, para garantir que a presidente recém-empossada, Claudia Sheinbaum, continue dizendo que o México não se juntará ao Brics e manterá o Acordo de Livre Comércio com os EUA e o Canadá.

No caso do peso mexicano, há um fator adicional. Claudia Sheinbaum assinou, logo após a posse, um decreto para que a Petróleos Mexicanos (Pemex) e a Comissão Federal de Eletricidade (CFE) voltem a ser empresas públicas do Estado. Em sua conferência matinal diária, a presidente comemorou que este decreto “devolve a Pemex e a CFE ao povo do México”, pois reverte boa parte da reforma energética neoliberal de 2013 que as transformou em “empresas produtivas do Estado”.

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O real brasileiro também está sob ataque por motivos geopolíticos: enfraquecer os Brics e impedir que o Brasil formalize a adesão à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao País por ocasião da reunião do G20.

Há também o fator interno: a pressão por cortes no orçamento não-financeiro, o que significa tirar recursos da saúde, educação e ciência para manter o pagamento de juros (2ª maior taxa real do planeta, atrás apenas da Rússia, com 7,33%; o México fica em 4º, com 5,45%, atrás da Turquia, segundo a MoneyYou). Como mostrou o economista e conselheiro do Monitor Mercantil Ranulfo Vidigal, é briga pelo fundo público.

Não por coincidência, o novo Governo do México também enfrenta críticas semelhantes. O Centro de Estudos Econômicos do Sector Privado (Ceesp) observou que, embora a receita total do governo mexicano tenha aumentado 3,3% em termos anuais entre janeiro e setembro, as despesas oficiais cresceram a uma taxa quase 3 vezes mais rápida no mesmo período: 9,1%.

“É claro que um dos principais desafios do novo governo será reforçar as fontes de rendimento e tornar mais eficiente a alocação de recursos com o objetivo de estimular o crescimento e o bem-estar das famílias”, afirmou a organização.

O peso mexicano atingiu semana passada o patamar mais baixo frente o dólar desde setembro de 2022. Ao final de outubro, o peso acumulava queda de 17,64% no ano, uma das moedas emergentes mais afetadas. O real, entre janeiro e 31 de outubro de 2024, teve desvalorização de 16,21%.

Rápidas

O crítico de arte Mauro Trindade receberá o público na Galeria Candido Mendes Ipanema, na noite desta quarta-feira, para uma conversa sobre a mostra Sentada em banco esplêndido, da artista carioca Denise Araripe, da qual é curador. A exposição estará aberta ao público até 20/11 *** No RD Summit, evento de marketing, vendas e e-commerce latino-americano, o tema “gerações” será debatido nesta quinta e na sexta com Dado Schneider, especialista nas gerações Z e Alpha.

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