Em 1º de março de 1994, o Brasil começou a executar o Plano Real, um conjunto de medidas que criou uma moeda forte e colocou fim a um histórico de hiperinflação persistente. Depois de vários planos e “testes” na economia (o ano de 1993 fechou com índice inflacionário de 2.477%) que só serviram para agravar a situação econômica, a nova moeda trouxe a estabilização de preços.
A partir de 28 de fevereiro de 1994 (há 30 anos, portanto, completados hoje), como efeito da Medida Provisória nº 434, iniciou-se a publicação dos valores diários da Unidade Real de Valor (URV), baseados nos índices IPCA-E do IBGE, IPC (da Fipe) e IGM-M (da FGV). A URV serviria como moeda escritural para todas as transações econômicas, com conversão obrigatória de valores, promovendo uma desindexação geral da economia. A MP número 434 foi reeditada pelas MPs números 482 e 457, e transformada posteriormente nas leis número 8.880 e número 9.069 que transformava a URV em real e atrelava cada real ao dólar americano, de forma que cada R$ 1 valia US$ 1.
Pesquisa recente divulgada pelo Observatório Febraban, da Federação Brasileira de Brancos, revela que, 71% dos brasileiros reconhecem que “o Plano Real continua importante, pois lançou as bases para uma economia mais sólida e estável”.
O estudo da Accenture, “Meios de pagamento tornam-se pessoais” mostra que 69% dos consumidores brasileiros preferem utilizar o Pix para fazer compras, ultrapassando o índice daqueles que afirmam usar dinheiro (67%) e ficando muito próximo de cartão de débito (70%) e do líder cartão e crédito (72%). Além disso, 50% dos brasileiros já utilizam as carteiras digitais para fazer pagamento, e que essa é a opção de mais popular no mundo da próxima geração.
O estudo aponta que mais praticidade está por vir em pagamentos biométricos e máquina-a-máquina, e já aponta o Brasil como o segundo maior mercado de pagamentos instantâneos, atrás da Índia em número transações e do Reino Unido em volume financeiro. Segundo o apurado, mais disrupção está por vir em pagamentos biométricos, máquina-a-máquina e pagamentos no metaverso.
Sem falar que a partir de amanhã, dia 29, as modalidades DOC, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas e as operações de Transferência Especial de Crédito (TEC), realizadas exclusivamente por empresas para pagamento de benefícios a funcionários deixarão de existir definitivamente. Esse anúncio foi oficializado em 15 de janeiro, quando a Febraban divulgou oficialmente que as instituições bancárias associadas cessariam a oferta do serviço de emissão e agendamento de DOC e TEC.
Walter Faria, diretor adjunto de Serviços da Febraban, justifica a extinção desses serviços considerando o decréscimo no interesse dos brasileiros em utilizá-los. O DOC, criado em 1985 pelo Banco Central, perdeu espaço para formas mais rápidas e econômicas de transferência de recursos, especialmente após o lançamento do Pix, em novembro de 2020.
Segundo Danilo Porto, sócio da startup QI Tech, “o DOC, com seu modelo datado, enfrentava limitações em comparação com a inovação disruptiva do Pix em 2020. A eficiência do Pix tornou-se superior em todos os aspectos, marcando uma evolução crucial no Sistema Financeiro Nacional.”
A modernização, guiada pelo Banco Central, impulsionou o Pix para se tornar o principal meio de pagamento no país. Sua popularidade é sustentada pelas facilidades oferecidas, como agendamento, pagamento via chave e liquidação imediata, estabelecendo-o como uma alternativa eficiente e versátil em relação a outros métodos.
Para Reinaldo Alkimin, Product Manager das soluções de pagamento da Sinqia, “a gradual perda de espaço para a TED e, posteriormente, para o Pix, demonstra a necessidade de adaptação às demandas contemporâneas.”
A extinção da TEC, uma variação do DOC para empresas, alinha-se à busca por métodos mais eficientes. Estatísticas recentes do Banco Central revelam que o DOC representou apenas 0,03% do processamento do Pix em novembro de 2023.
Apesar da presença contínua da TED em transações, o Pix, cartões e boletos ultrapassam em popularidade. Em termos de valor financeiro, a TED ainda se destaca, enfatizando sua segurança. O futuro promete mais inovações com o DX em 2025, uma modalidade de pagamento associada à garantia de entrega de produtos ou serviços.
O descontinuamento do DOC é mais do que uma simples mudança de método; é uma transição para uma era mais eficiente e tecnologicamente avançada. Danilo Porto e Reinaldo Alkimin concordam que o futuro do sistema financeiro está intrinsecamente ligado à inovação constante, beneficiando diretamente o usuário final.