Real interesse

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A Reforma da Previdência, se aprovada conforme a última versão – o que é improvável – reduziria as despesas na próxima década em R$ 426 bilhões. Em 2018, a redução seria de R$ 8,3 bilhões, segundo analistas do mercado. Conta que deve ser criticada. Afinal, para angariar apoio no Congresso, o Governo Temer acertou com os ruralistas um Refis para o setor, que deve representar algo entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões. A medida provisória que previa a benesse caducou, mas já é certo que o perdão das dívidas virá, via nova MP ou projeto de lei. Também na tentativa de aprovar a Reforma, o governo negocia outro parcelamento tributário, para as pequenas e microempresas, cujo impacto é estimado em quase R$ 8 bilhões ao longo de 15 anos.

Mas estas são apenas as contas pequenas. Para o andar de cima – a elite real – é que vai o dinheiro grosso. Para as multinacionais do petróleo, a MP do Repetro – cujo texto base foi aprovado quarta à noite na Câmara dos Deputados por pequena margem – prevê isenção fiscal de R$ 1 trilhão em 20 anos. Ou R$ 500 bilhões em uma década, mais do que o que deixará de ir para aposentados e pensionistas. Já a conta com juros bate quase no mesmo valor, só que por ano. Para se ter uma ideia, só com a redução da Selic de 14,25% para 8,25% entre setembro de 2016 e outubro de 2017, o governo economizou R$ 59,9 bilhões. Em outubro, os juros caíram mais um pouco, para o patamar de 7,5% ao ano. Assim, só com o que deixou de gastar com as taxas de juros – que ainda estão altas em termos reais – o governo economizaria em dez anos mais de R$ 600 bilhões, ou 40% a mais do que pretende tirar da Previdência.

Assim, insistir na reforma é coisa de burocratas guarda-livros, setores de ideologia rasteira e – principalmente – aqueles que pretendem beneficiar o segmento de planos de previdência privada. Nas palavras do senador Hélio José (Pros-DF), relator da CPI da Previdência, “o governo está fazendo o que interessa para os banqueiros, para que eles possam mais uma vez lucrar nas costas do trabalhador brasileiro”.

 

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Vem de longe

Em 1982, em pleno Governo Figueiredo, uma proposta de reforma da Previdência já era acusada de transferir para o contribuinte o peso da incompetência da administração. O todo-poderoso Delfim Netto estimava que ao final daquele ano, o rombo previdenciário atingiria Cr$ 213,8 bilhões. O Brasil vivia então, tal qual agora, uma severa crise econômica, além de social e política, nos estertores da ditadura.

Foi apenas mais uma, entre tantas reformas e ajustes desde 1923, quando foi instituída a Previdência Social no Brasil. Onze anos depois, foi feito o primeiro aumento da alíquota de contribuição, que passou de 3% para 4%. Em 1956, a mordida passou para 7%, atingindo 8% em 1966 e 10% na década de 80, chegando aos 11% agora. Para servidores públicos de alguns estados, como o Rio, 14%.

 

Diferença gritante

Luiz Affonso Romano, presidente da Associação Brasileira de Consultores (ABCO), ensina como diferenciar um profissional de um lobista: “A maior diferença é quanto ao pagamento”. Só experientes consultores de renomadas firmas podem cobrar R$ 500 por hora de trabalho. Já um lobista, que se propõe a conseguir a liberação de um empréstimo ou uma facilidade em uma agência ou ministério, não raro cobra milhões de uma só vez.

Outra diferença é a publicidade do serviço. “Já dizia Confúcio que ético é tudo aquilo que a gente não se importa que nosso vizinho saiba. O lobista tem verdadeiro pavor de toda e qualquer luz sobre seu trabalho. Os resultados de uma consultoria são, quase sempre, apresentados em vistosos, detalhados e minuciosos relatórios e tão volumosos que alguns críticos até comentam, com veneno na língua, que o consultor vende papel.”

 

Rápidas

O diretor-medico da Med-Rio Check-Up, Gilberto Ururahy, fala sobre a importância da prevenção, no próximo dia 5, das 8h30 às 11h, na Câmara de Comércio Noruega Brasil *** Nos dias 5 e 6, será realizado em São Paulo o 1º Congresso Brasileiro de Indústria 4.0, iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Fiesp *** O CPDoc, da FGV, abre suas portas para as torcidas do Botafogo. No próximo dia 13, a professora do IFRJ Isabella Trindade Menezes fará a palestra “Entre a Fúria e a Loucura: análise de duas formas de torcer pelo Botafogo de Futebol e Regatas”, com lançamento de livro de mesmo nome, fruto da dissertação de mestrado defendida por Isabella. Inscrições: http://cpdoc.fgv.br/. Sergio Barreto Motta, que durante anos ocupou este espaço no MM, com certeza não perderia este evento sobre seu Glorioso.

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