No grande mural de notícias das bancas de jornal, as primeiras páginas dos periódicos mostram quase que diariamente a preocupante crise política e econômica que estamos atravessando em nosso Estado do Rio, ainda fruto das desastradas administrações dos últimos anos.
Essa maldita influência, que continua a prejudicar todos os serviços públicos essenciais à qualidade de vida – Saúde, Educação, Transportes, Segurança Pública e outros – também feriu gravemente o setor produtivo, que sofreu – e vem sofrendo – perdas enormes, levando à retração nos investimentos, ao encerramento de inúmeros negócios, ceifando milhares de postos de trabalho.
O comércio, um dos setores que mais emprega e que sempre resistiu a crises e transformou-se num porto seguro no acolhimento de grande parte da mão de obra, desta vez não está resistindo e também está diminuindo a sua força de trabalho.
Desemprego, violência e a camelotagem
atingiram em cheio o comércio
As razões para isso são muitas, sendo a que mais contribui é o impacto da crise econômica na renda de todas as classes sociais, representada pela queda da intenção de compra das famílias no Estado do Rio, quadro aferido por vários institutos de pesquisa, embora alguns estados da federação já venham experimentando crescimento.
Por exemplo, a tradicional pesquisa Termômetro de Vendas, realizada há mais de 40 anos pelo Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas (CDLRio) mostrou que as vendas do comércio lojista do Rio de Janeiro registraram queda de 2,8% em 2018, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Também recentemente, o mesmo Centro de Estudos, com a realização do cruzamento de várias pesquisas, aferiu que a queda das vendas e da atividade econômica, com alta do desemprego, a crescente violência, o aumento desregrado da camelotagem e a crise no Estado do Rio de Janeiro, foram os principais responsáveis pelo fechamento de mais de 10 mil estabelecimentos comerciais na Cidade entre janeiro/dezembro de 2018, um aumento de 15% em comparação com o mesmo período de 2017. Em todo o Estado do Rio de Janeiro, também de janeiro a dezembro, foram extintas 25.920, um aumento de 23% em comparação com o mesmo período de 2017.
Embora ainda seja difícil o cenário para o nosso setor, sabemos que só com muito trabalho e criatividade vamos poder superar as dificuldades. Não podemos e nem devemos cruzar os braços e apenas lamentar. Temos que agir e buscar alternativas para aproveitar as oportunidades, que também sempre surgem em situações de crise como a que estamos atravessando.
Mas a verdade é que todos os sintomas acima expostos afetam profundamente o comportamento do consumidor, influenciando a sua disposição para a compra. Temos que virar esse jogo. Por isso mesmo no Rio de Janeiro será preciso um grande esforço concentrado, pautado pelo diálogo entre as diferentes esferas do poder público e a iniciativa privada, por meio de suas entidades representativas para reverter a atual conjuntura, criando condições para que o estado volte a atrair recursos, a gerar emprego e renda.
Nesse sentido, o setor do comércio de bens e serviços desempenha um papel vital e, por isso mesmo, precisa ser ouvido e atendido em suas necessidades e reivindicações. Depois de muita luta para aprovar a nova legislação trabalhista, no fim de 2017, com avanços positivos já inequívocos, seguimos batalhando pelas reformas tributária e da previdência, além de combater o comércio ilegal, que tanto prejudica o comércio formal.
O CDLRio e o SindilojasRio – que juntos representam mais de 22 mil lojistas de todos os portes – têm trabalhado incansavelmente pelos interesses e demandas do comércio do Rio de Janeiro assim como de sua população. Afinal, como costumamos dizer, “o que é bom para o comércio, é bom para a sociedade; assim como o inverso: o que é bom para a sociedade é bom para o comércio”.
Aldo Gonçalves
Presidente do CDLRio e do SindilojasRio e diretor da CNC.