Receita de empresas de capital aberto teve aumento médio de 7,7% em 2024

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Estudo realizado pela PwC Brasil analisa, de forma comparativa, 348 empresas de capital aberto no Brasil (de um total de 365 empresas), em diferentes níveis de governança, mostra que houve, em 2024, um crescimento médio de 7,7% da receita líquida (em valores nominais), quando comparado a 2023.

Na média geral, as despesas financeiras das empresas aumentaram em 74,9% no ano, potencialmente pelos efeitos de aumento das taxas de juros e câmbio. Ainda assim, na média e em termos nominais, o lucro líquido permanece praticamente estável. “Ou seja, as empresas conseguiram compensar o cenário financeiro mais desafiador com eficiência operacional”, comenta Alessandro Marchesino, sócio e líder de Mercado de Capitais da PwC Brasil.

Cerca de 95% das empresas divulgaram seus resultados referentes ao exercício de 2024 até 31 de março de 2025. Os setores em destaque foram: água e saneamento (28,4%), serviços diversos (28,4%), material de transporte (20,5%), construção civil (19,3%), madeira e papel (16,6%), transporte (14,6%), alimentos processados (14,3%), viagens e lazer (12,5%), máquinas e equipamentos (10,5%) e agropecuária (10,1%). Em termos reais, a receita líquida das empresas aumentou, em média 2,8% acima da inflação oficial (IPCA) para o ano de 2024.

Em termos de rentabilidade, na média geral, o levantamento revela aumento de margem operacional de 14,0p.p., de 33,1% em 2023 para 47,2% em 2024, e crescimento de margem EBITDA de 10,1p.p., de 37,8% para 47,9%. A diferença da margem operacional para a margem EBITDA, nesse caso, é que o cálculo de Ebitda desconsidera depreciação e amortização, que correspondem a efeitos “não-caixa” na Demonstração de Resultados.

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Dívida

O estudo também revelou o nível de endividamento das empresas. Na média, a dívida bruta total aumentou 19,7%. Houve também um leve aumento do índice de dívida bruta sobre o total do ativo, de 37,7% para 40,1%. No entanto, observa-se desalavancagem importante em alguns setores, como comércio (de 23,7% para 17,2%), serviços diversos (de 38,8% para 32,4%), telecomunicações (de 30,5% para 27,9%) e construção civil (de 29,3% para 27,7%).

“Trata-se de uma boa notícia. As empresas demonstraram resiliência”, afirmou Marchesino. Ele explica que houve no período, ainda, uma leve redução, na média, da dívida de curto prazo em relação à dívida total, de 32,1% para 29,4%, com destaque para as indústrias de exploração de imóveis (de 23,6% para 10,9%), energia elétrica (de 26,8% para 17,5%), comércio (de 48,5% para 39,4%), além de químicos (de 54,0% para 48,8%), construção civil (de 33,1% para 28,4%) e alimentos processados (de 29,6% para 25,1%).

Marchesino acrescenta que alguns desses segmentos traduziram esta redução em melhorias nos índices de liquidez corrente, que relaciona o ativo circulante e o passivo circulante. Enquanto, na média geral, o índice permaneceu praticamente estável entre 2023 e 2024, houve aumento do referido índice para o setor de comércio, de 1,6x pra 2,2x, e para o setor de exploração de imóveis, de 1,9x para 2,2x, por exemplo.

Em relação ao Capex, na média geral da amostra, houve um aumento em 2024, comparativamente a 2023, de 22,9%, puxado principalmente por crescimento significativo nos setores de água e saneamento (85,1%), petróleo, gás e biocombustíveis (56,7%); e energia elétrica (32,1%).

Setores de destaque em 2024

– Água e saneamento: crescimento de receita e ganho em margens, com maior espaço para investimentos: aumento de receita líquida de 28,4%, com crescimento da margem Ebitda em 4,8p.p., de 35,1% em 2023 para 39,9% em 2024; índices de alavancagem razoavelmente estáveis, apesar do aumento nominal da dívida bruta em 30,2% e do capex em 85,1%.

– Alimentos processados: crescimento, rentabilidade e melhoria da estrutura de capital: aumento de receita líquida de 14,3%, com crescimento da margem Ebitda em 3,9p.p., de 17,1% em 2023 para 21,0% em 2024; aumento da dívida bruta (nominal) em 21,2%, porém com índice de dívida bruta sobre ativo razoavelmente estável; aumento de capex (nominal) em 13,9%; redução da dívida de curto prazo em relação à dívida bruta em 4,4p.p. (de 29,6% para 25,1%); melhoria da cobertura de juros (lucro operacional sobre despesas financeiras) de 1,4x para 1,6x.

– Agropecuária: crescimento e rentabilidade: aumento de receita líquida de 10,1% e crescimento do lucro operacional em 16,9%; crescimento de 3,2p.p. em margem bruta, de 43,1% para 46,3%; aumento de margem Ebitda de 5,1p.p., de 30,2% para 35,3%.

– Comércio: desalavancagem e melhoria da estrutura de capital: aumento de receita líquida de 4,2%, com leve crescimento da margem Ebitda de 11,7% em 2023 para 12,0% em 2024; redução de dívida bruta em 45,5%, com consequente redução da dívida bruta pelo ativo total em 6,4p.p. (de 23,7% para 17,2% em 2024); redução da dívida de curto prazo em relação à dívida total, de 48,5% para 39,4%, com aumento da liquidez corrente de 1,6x para 2,2x.

– Construção e engenharia: rentabilidade e melhoria da estrutura de capital: receita líquida nominalmente estável, mas com crescimento de margem operacional em 29,1p.p. (de 10,0% para 39,2%) e de margem Ebitda em 33,0p.p. (de 12,4% em 2023 para 45,4% em 2024); redução de dívida bruta (nominal) em 10,0%, com índices de dívida bruta sobre ativo e liquidez corrente razoavelmente estáveis; melhoria da cobertura de juros (lucro operacional sobre despesas financeiras) de 1,7x para 2,7x.

O setor de intermediários financeiros (bancos e sociedades de crédito) não foi considerado nas análises acima devido às diferenças em padrões contábeis. E em relação a este setor, que inclui 17 instituições, a análise da PwC traz as seguintes observações: em média, houve aumento de Receita de Intermediação Financeira de 11,6% em 2024 quando comparada a 2023, com crescimento da receita operacional de crédito em 6,5%; o lucro operacional teve um crescimento de 16,7% em 2024, com leve ganho de margem de 0,2p.p. (de 16,0% em 2023 para 16,2% em 2024); a despesa para provisão para créditos de liquidação duvidosa (despesa de PCLD) reduziu-se em 3,8% em 2024 contra 2023 (em comparação a um aumento de 12,7% em 2023 comparado a 2022).

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