A revisão para baixo na previsão de crescimento do PIB este ano – de 6,9% para 4,5% – não é o maior dos problemas do governo mexicano. Apesar do presidente daquele país, Vicente Fox, insistir em que o México continua com sólidos fundamentos econômicos, analistas internacionais começam a levantar dúvidas. O boletim Business Latin America, publicado pelo The Economist Intelligence Unit, lembra que se forem incluídos os chamados débitos de contingência – despesas governamentais em setores de óleo e eletricidade e a ajuda financeira de 1995, quando o país “quebrou” – o déficit em conta corrente sobe para algo perto de 5%, limite psicológico adotado pelo mercado. Para compensar a queda na atividade econômica e manter inalteradas as previsões de déficit primário e inflação (0,65% do PIB e 6,5% no ano, respectivamente) o neoliberal Fox adotou medida ortodoxa: corte de US$ 365 milhões nos gastos públicos. Eleito prometendo criar o “Novo México”, após sete décadas de governo pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), Fox, com apenas cinco meses no poder, já deixa nos eleitores a sensação de terem sido enganados.
Curto circuito
Da série para o presidente FH não ser surpreendido de novo. Os empregados das estatais do setor elétrico marcaram para o próximo dia 1º greve de 24 horas. A paralisação é de advertência e a categoria pode optar por greve mais prolongada caso suas propostas não sejam atendidas. Embora os eletricitários tenham entregado em abril a pauta de reivindicações à Eletrobrás e coligadas, até hoje continuam sem resposta.
Arte amazônica
O Djambbo Café inaugura, amanhã, às 20h, a exposição de Adalmir Chíxaro, cujas fotos retratam o universo dos trabalhadores braçais da Amazônia. Localizado na Rua Vinicíus de Moraes 121, em Ipanema, o Djambbo é pilotado pelo cantora lírica Ieda Alvares, ex-integrante do grupo Garganta Profunda, e pela arquiteta Nazareth Queiroz.
Chuva
O tucanato precisa encontrar um culpado melhor que São Pedro para justificar a falta de energia elétrica. Se as chuvas reduzidas diminuíram as reservas do Sudeste e Centro-Oeste, a abundância no Sul deixou aquela região com sobra de energia elétrica. Faltam linhas de transmissão para trazer a eletricidade até os principais consumidores. Ganha um doce quem adivinhar qual governo não investiu em transmissão nos últimos seis anos…
Abaixo do custo
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julga hoje processo administrativo aberto em 97 contra a Merck S/A Indústrias Químicas e MB Bioquímica Ltda., por prática de venda abaixo do custo no mercado nacional de tubos de coleta de sangue. A denúncia partiu da Labnew Indústria e Comércio Ltda., de Campinas, empresa de capital 100% nacional, que desde 1992 luta contra práticas desleais de comércio de produtos hospitalares, inicialmente contra a Becton Dickinson (BD), líder mundial do setor médico hospitalar – que movimenta US$ 5 bilhões no mundo. A BD fez acordo com compromisso de cessação e, segundo a Labnew, saiu de cena e abriu espaço para o segundo maior produtor mundial, a Terumo Medical Corporation, aliada ao grupo farmacêutico Merck.
Registro
O pedido de impeachment apresentado pelos juristas Celso Antonio Bandeira de Mello, Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato, Goffredo Telles Junior e Paulo Bonavides contra o presidente FH por crime de responsabilidade foi o 15º pedido nesse sentido oferecido contra FH em quase seis anos e meio de governo. Embora a maioria governista tenha se encarregado de engavetá-los todos, para a história fica o registro de que a obra de devastação tucana não se deu sem despertar resistências.
Sem trunfos
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse ontem que não tem a lista em papel com os votos secretos dos senadores, mas que guardou as informações na memória. Ele tenta manter o suspense sobre o conteúdo e disse que divulgará os votos apenas “no momento apropriado”. Apesar de negar que tenha feito a insinuação de que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve acesso à lista, ACM voltou a fazer referência ao assunto deixando uma dúvida no ar. “Como é que eu posso saber se ele leu a lista? Mas eu acho que ele leu a lista sim.” A sensação no Congresso é que, na hora H, ACM está sem “garrafas vazias para vender” – ou, se as tem, não encontrou ânimo para fazê-lo agora.