Relatório da Fitch Ratings sobre a Rede D´Or destaca contingências legais envolvendo a empresa. “A Rede D’Or está exposta a litígios tributários que podem resultar em perdas, para as quais nenhuma provisão foi reportada. O maior litígio totaliza R$1,1 bilhão e se refere a alegações da Receita Federal de que médicos que prestam serviços a seus hospitais como pessoa jurídica deveriam ser considerados funcionários, o que exigiria pagamentos adicionais de impostos”, cita o relatório.
De acordo com a agência, resultados negativos deste litígio podem resultar em mudanças no modelo de negócios da companhia e impactar sua dinâmica de custos, mas isto não foi incorporado ao cenário-base da Fitch no momento.
A agência de classificação de risco de crédito afirmou o IDR (Issuer Default Rating – Rating de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira ‘BB+’, o IDR de Longo Prazo em Moeda Local ‘BBB–’ e o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA (bra)’ da Rede D’Or. A perspectiva do IDR de Longo Prazo em Moeda Local foi revisada para negativa, de estável, e a perspectiva do IDR de Longo Prazo em Moeda Estrangeira e do Rating Nacional de Longo Prazo permanece estável.
A Rede D’Or é a maior rede hospitalar privada do setor hospitalar brasileiro. Em 30 de setembro de 2023, a empresa operava 73 hospitais, totalizando 11.512 leitos, dos quais 9.600 estavam operacionais. “Sua sólida posição de negócios no país e a elevada escala de operações representam vantagens competitivas importantes, pois permitem custos fixos mais baixos, significativo poder de barganha com contrapartes e melhor relacionamento com a comunidade médica”, destacou o relatório da agência de classificação de risco de crédito.
Segundo a Fitch, a perspectiva negativa do IDR em Moeda Local da Rede D’Or reflete a tendência de redução de alavancagem inferior à esperada, após os picos de investimento e a recuperação das operações da companhia, que se seguiram à pandemia de coronavírus.
O elevado volume de dívida e despesas com juros, bem como a forte necessidade de capital de giro, inerente à dinâmica do setor hospitalar, impactaram ainda mais a geração de fluxo de caixa livre (FCF). De acordo com as projeções da Fitch, o índice de alavancagem líquida da Rede D’Or permanecerá acima dos gatilhos de rebaixamento do rating – de 2,5 vezes até 2025 –, de acordo com a metodologia da agência.
Os ratings da Rede D’Or refletem a natureza defensiva de seus negócios, sua sólida posição competitiva no fragmentado setor hospitalar brasileiro, a forte carteira de contrapartes, o histórico de adequada estrutura de capital, sustentada pela combinação de geração interna de fluxo de caixa, dívida e capital, além da elevada liquidez.
Dívida
O elevado volume da dívida e as taxas de juros no Brasil, bem como as necessidades de capital de giro, pressionaram a geração de fluxo de caixa operacional da Rede D’Or. Em relação a 2023, a Fitch calcula que a empresa teve cerca de R$1,9 bilhão em despesas com juros (líquido de juros recebidos) e consumiu R$ 2,4 bilhões em capital de giro, de acordo com a metodologia da agência.
Segundo os cálculos da Fitch, o Ebitda ajustado (excluindo IFRS–16), de cerca de R$ 6,4 bilhões em 2023, deve aumentar para R$ 7,5 bilhões em 2024 e R$ 8,5 bilhões em 2025. A agência estima que o FCF permanecerá negativo em cerca de R$ 1 bilhão em 2023, R$1,8 bilhão em 2024 e R$1,1 bilhão em 2025. De acordo com o cenário-base da Fitch, os investimentos continuarão elevados, em R$ 2,8 bilhões e R$3 bilhões durante 2024 e 2025, após R$ 2,5 bilhões em 2023 e R$2,3 bilhões em 2022, mas a agência não incorpora movimentos significativos de fusões e aquisições.
Melhora das margens
A Fitch acredita que as margens de Ebitda ajustadas e consolidadas da Rede D’Or atingirão cerca de 13% e 14% em 2024 e 2025, frente a 12,3% em 2023 – primeiro ano de consolidação dos resultados da Sul América. A operação do segmento hospitalar também deve melhorar, aproximando-se de 26% em 2024 e 2025, depois de atingir 24% e 25% em 2022 e 2023, de acordo com os cálculos da agência.