Redes óticas

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Quando o assunto é tráfego de dados, poucas empresas conseguem definir os reais motivos da lentidão na internet e muito menos, como suprimí-los.
Apesar das companhias de telefonia e cabo disponibilizarem ao mercado inúmeros serviços de conexão rápida e intermitente, todos ainda são lastreados em tecnologias conhecidas há muito tempo e nada têm de revolucionárias. O problema de tráfego é proporcional à quantidade de usuários conectados à internet principalmente, quando o uso de novas interfaces multimídia coloca som, imagem e movimento na tela de qualquer computador usado em casa.
Não existe limite conceitual para o que se pode trafegar na internet.
Desta forma, a única maneira de frear o seu avanço, é através de limitações físicas de conexão, isto é, a quantidade de informações máxima que os cabos, que permitem o tráfego dos dados, conseguem suportar. A relação desta variável com a velocidade de conexão, está diretamente ligada à qualidade do que é visto na tela do usuário, e somente as redes óticas têm capacidade de suportar tal complexidade de dados ao mesmo tempo com segurança, velocidade e integridade quando os dados chegam ao destino.
Além disso, são as únicas que podem ser divididas em milhares de pequenos elementos, capazes de acomodar as enormes massas de dados gerados pela banda larga.
Os investidores do Vale do Silício vêem nestas empresas um certo glamour, pois é como se voltassem a investir em algo que ainda não tem solução no mercado e por isso, geram uma volatilidade semelhante às ações do início da internet. Empresas como a Nortel Networks e a Cornig, tiveram nos últimos anos suas ações variando de acordo com os resultados de suas pesquisas nesta área. A infra-estrutura através de onda luminosa é basicamente feita de comutadores óticos, que têm a função de direcionar luz (fótons) ao invés de partículas elétricas (elétrons). O grande problema está justamente nestes comutadores, que ainda não têm tecnologia suficiente para serem eficientes, a ponto de não perderem dados no processo. Esta perda ocorre não só no re-direcionamento do facho, mas também pelos longos trajetos percorridos pelos dados entre origem e destino. Apesar deste processo não ser um problema único de fótons – pois acontece também nos cabos telefônicos normais – no caso específico deste elemento, a perda de carga é excessiva, prejudicando a integridade dos dados, tornando-os em alguns casos, indecifráveis. Para resolver o problema, as distâncias entre comutadores têm que ser reduzidas, visando dois objetivos: diminuir as longas distâncias e principalmente, diminuir o ângulo de re-direcionamento. Fazendo isto entretanto, os custos gerais do sistema aumentam muito e por isso, quando repassados aos consumidores, torna-se inviável seu uso por todos os interessados.
Nos Estados Unidos várias empresas estão pesquisando como melhorar o processo de comutação. Os investimentos em infra-estrutura, como sempre pesados, são liderados pela Cisco System e pela Caltech. A primeira recentemente investiu numa pequena empresa, fundada por ex-funcionários da Caltech, o valor de US$ 45 milhões, somente nas pesquisas de comutadores óticos. A segunda, responsável até pelos sistemas de defesa espacial dos Estados Unidos, há três anos incuba uma média de 20 pequenas companhias por ano neste setor. Uma delas, a Umachines, recebeu US$ 10 milhões somente para pesquisar elementos relacionados a esta tecnologia. Outras companhias como JDS Uniphase e Conexant também são companhias cujo modelo de receitas engloba este segmento.
Entretanto, o mercado analisa friamente o desempenho de empresas cujo objetivo primário é desenvolver algo que ainda não existe. O primeiro problema é o alto investimento necessário para pesquisa e pessoal qualificado. Por menor que seja a empresa, os funcionários envolvidos são pesquisadores formados por universidades de primeira linha e por isso, valem muito dinheiro. O retorno deste investimento no médio prazo, além de ter uma mortalidade muito alta, tem um fluxo de caixa complicado, pois até que a nova tecnologia seja descoberta, patenteada e implementada pela indústria, muitos anos podem passar sem nenhuma receita sensibilizar o caixa. É preciso ter fôlego e nervos de aço para investir milhões em micro companhias que, mesmo que tenham êxito em seus objetivos, descobrindo uma tecnologia mágica, podem perder tudo quando uma gigante das telecomunicações contrata o chefe de pesquisa ou simplesmente, muda alguns aspectos básicos e copia o conceito, jogando todo o investimento feito no lixo.
Espera-se que o nível de conectividade que existe hoje tenda somente a melhorar, mesmo porque, a quantidade cada vez maior de dados trafegados exigirá isto, sob pena do consumidor final se aborrecer, e ligar menos seu computador para fazer transações. O termômetro deste mercado pode ser sentido através da quantidade de capital alocado dos investidores de risco e principalmente, pelo patamar de preços do mercado de ações norte-americano. Devido às recorrentes quedas, os preços destes papéis estão tremendamente achatados, pois na iminência de uma recessão, os produtos de alta tecnologia estão no topo da lista de queda acentuada de demanda. Não se pode esquecer, entretanto, que este setor é responsável também pelas mais altas margens e para o longo prazo, empresas sólidas e com uma política de investimento responsável, devem se manter na lista das “Golden Shares”.

Fernando Camargo Luiz
Diretor da Orbe Projetos e responsável pelo site CarteiraFacil.

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